Quase uma semana depois da morte precoce da cantora Marília Mendonça, o Brasil ainda enfrenta um momento de luto coletivo. Só no velório da artista, no último sábado (6/11), mais de 100 mil pessoas compareceram para se despedir da goiana. De acordo com Flávia Nunes Fonseca, psicóloga da Secretaria de Saúde do DF e especialista em tanatologia, o estudo da morte, este luto coletivo é explicado pela sensação que as pessoas têm de terem perdido alguém próximo e do lembrete de que todos estamos sujeitos a morrer a qualquer momento.
"A morte de um famoso nos comove porque nos lembra da nossa finitude. Não estamos acostumados a lidar com isso. A gente lembra de como a morte não respeita nem uma pessoa famosa no auge da carreira, jovem", explicou em entrevista ao CB. Saúde, programa da TV Brasília em parceria com o Correio Braziliense, nesta quinta-feira (11/11).
A psicóloga lembra que ao longo da semana conversou com várias pessoas sobre o que significava a morte de Marília Mendonça para elas e as respostas foram variadas. Muitos lembram de como eram fãs da cantora e outros destacam que a cantora tinha apenas 26 anos e tinha um filho de menos de dois anos. "É uma mãe jovem. Eu lembro que sou uma mãe e que posso morrer. Tem uma questão do que a pessoa significava. De certa forma a gente conhecia essa pessoa. A Marília estava presente nas redes sociais, propagandas, tem as memórias afetivas relacionadas as músicas. Além de uma cantora, ela tinha uma representação do feminino. Ela trouxe voz para a mulher no sertanejo", destaca. "Quando eu soube da morte da Marília eu corri para abraçar meu marido", completa.
Por isso, ela destaca que esse luto não pode ser invalidado. "Na nossa sociedade a gente tem muitas regras de como o luto deve ser vivido, quem pode viver o luto, como ele deve demonstrar. Muitas vezes a gente não aceita que as pessoas podem estar em sofrimento", pontua.
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