Pandemia

Coordenador no Ministério da Saúde é dispensado antes de assumir cargo

Queiroz é defensor da ciência e, conseqüentemente, apoia várias idéias de condução da pandemia diferentes de Bolsonaro. Não é a primeira vez que isso acontece no governo

Ricardo Queiroz Gurgel, que seria novo coordenador do Programa Nacional de Imunizações (PNI), cargo estratégico no Ministério da Saúde, foi dispensado do cargo antes mesmo de assumi-lo. A nomeação saiu há 23 dias atrás, publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo ministro Marcelo Queiroga, mas a expectativa do médico pediatra foi frustrada hoje (28) por um coordenador de departamento da pasta.

O médico ouviu isso pessoalmente porque teve a iniciativa de pegar um avião de Sergipe, estado onde reside, para Brasília para entender porque o ministério ainda não havia entrado em contato, o que deveria ter acontecido há três semanas atrás.

Queiroz é defensor da ciência e, conseqüentemente, apoia várias idéias de condução da pandemia diferentes de Bolsonaro. No dia de sua nomeação, ele deu declarações que contrariavam o presidente da República e se mostrou a favor da vacinação para adolescentes e contra o “kit Covid”.

"A prioridade será reforçar as coberturas vacinais dos calendários do PNI, principalmente das crianças, mas também dos adolescentes, grávidas e idosos. Precisamos colocar em níveis seguros, para que essas doenças não retornem. É claro que também temos muito trabalho relacionado à vacinação contra a covid-19", disse em manifestação no site do ministério.

Procurada, a pasta não se manifestou sobre o caso. O pediatra, que ainda não sabe o motivo da sua demissão, aguarda a publicação oficial da sua exoneração e pretende voltar para o trabalho na Universidade de Sergipe.

Prática se repete

Outro caso parecido no ministério foi o da médica Luana Araújo, que seria, a partir de maio, chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19. Com 10 dias de sua nomeação foi dispensada. Luana também é defensora da vacinação em massa, é favorável a medidas restritivas e contra o “kit covid”.

Na época da sua exoneração, Queiroga negou ordem do Planalto, mas não informou motivo para a profissional não assumir o cargo, disse somente que buscaria por outro nome com "perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas".

Saiba Mais