Um homem foi preso em flagrante, na quarta-feira (20/10), após caçar e matar uma onça-pintada de pelagem preta na terra indígena Arariboia, no município de Arame, Maranhão. A polícia civil chegou até ele depois que o próprio criminoso divulgou um vídeo em que exibia o cadáver do animal e se vangloriava do assassinato.
“Se não quiser morrer, não pisa na frente não. Ele arrisca com um bicho desse aqui, imagine um guardião”, diz enquanto se identifica como ‘Boi da Aldeia’.
As imagens geraram revolta na comunidade local e foram compartilhadas por associações de proteção ao meio ambiente, associações indigenistas e ambientalistas.
O acusado não teve a identidade revelada pela polícia, mas uma nota publicada pela corporação, nesta quinta-feira (21/10), informa que ele estava portando o couro da onça morta e armas usadas para caça ilegal. Duas espingardas, oito munições calibre 20mm intactas e quatro deflagradas, além pólvora e materiais usados para caça de animais silvestres foram apreendidas.
No texto, o delegado Jessé Soares, que cuidou do caso, disse que foi possível rastrear o crime depois que “o vídeo repercutiu em virtude da comoção causada pela morte do animal que é ameaçado de extinção”.
O homem está detido na delegacia civil de Arame, a cerca de 476 km da capital, São Luíz. Os demais envolvidos ainda estão sendo procurados. Há a suspeita de que o crime tenha ocorrido para a venda ilegal da pele da onça pintada.
Caça proibida
A onça-preta é um subtipo de onça-pintada, maior felino das Américas e terceiro maior do mundo. O pelo aparentemente todo preto é resultado de uma maior produção de melanina, mas, visto sob a luz do sol, observa-se o mesmo padrão de manchas das demais. O habitat natural desses animais é México, América Central e na maior parte da América do Sul.
No Brasil, o único bioma em que não são encontradas essas onças é os Pampas, onde já foram extintas. Segundo o Ibama, a espécie está classificada como vulnerável à extinção. Sendo que os maiores fatores de risco para esses animais decorrem de ações humanas: a destruição do ambiente nativo e a caça para venda irregular de partes do corpo, em especial pele, dentes e garras.
A pena para quem comete esse tipo de crime varia de seis meses a um ano de prisão, além de multa. Ela pode ainda ser dobrada, caso a vítima seja um animal ameaçado de extinção; e triplicada, se ficar comprovado que a caça era feita de forma profissional.