Está previsto para chegar hoje, dos Estados Unidos, o corpo da técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, de 50 anos. Natural de Rondônia, a mulher foi encontrada morta após tentar entrar ilegalmente nos EUA. Isso porque não conseguiu acompanhar um grupo de outros imigrantes brasileiros, que também tentavam chegar ao país norte-americano. Com isso, sem água e sem comida em pleno deserto, Lenilda morreu.
Após 35 dias, entre apelos por ajuda no transporte e a luta contra a burocracia, o traslado do corpo deve seguir de Ohio (EUA) até o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. “É muito complicado saber que, no dia do aniversário dela, ela vai sair assim da cidade em que ela tanto queria estar”, disse a filha de Lenilda, Genifer Oliveira, em entrevista ao portal G1. A previsão é de que o corpo chegue a Rondônia na sexta-feira (22). Segundo os familiares, o velório deve acontecer na quadra de esportes municipal em Vale do Paraíso (RO). Porém, o sepultamento ocorrerá em Ouro Preto do Oeste (RO), no dia seguinte.
Em pronunciamento em 21 de setembro, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) pediu que o Senado acionasse o Ministério das Relações Exteriores. “A família, lá de Rondônia, me encaminhou um pedido para que eu interviesse junto ao Ministério das Relações Exteriores, em nome do Senado, para a repatriação do corpo da mãe”, disse o parlamentar na época.
Em nota enviada ao Correio, o Ministério das Relações Exteriores informou que “acompanha com atenção o caso e está à disposição para prestar toda a assistência cabível, respeitando-se os tratados internacionais vigentes e a legislação local”. A pasta acrescentou: “O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior para o Brasil é uma decisão da família. Não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do traslado com recursos públicos”.
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Trajetória
Em 17 de setembro, o corpo da técnica de enfermagem foi encontrado por agentes de fronteira do Novo México, nos EUA, onde a região é desértica, e a temperatura alcança 40 graus no verão. Desde agosto Lenilda tentava entrar clandestinamente em solo americano junto com dois amigos de Rondônia. Os três viajantes eram conduzidos por um “coiote” — pessoa que realiza viagens clandestinas entre o México e os EUA.
Por não conseguir acompanhar o ritmo do grupo — que prometeu voltar para ajudá-la — Lenilda foi deixada sozinha. Mas ao tentar cruzar o percurso de cerca de 50 quilômetros, morreu de sede e fome em pleno deserto.
Segundo informações da rede de notícias BBC, Lenilda entrou nos EUA pela primeira vez em 2003, junto com o ex-marido e outros dois irmãos. Trabalhando como faxineira, a mulher viveu em Ohio por cerca de quatro anos, até decidir voltar ao Brasil.
“Sinceramente, eu não teria coragem de fazer isso de novo, e olha que minha rota era mais tranquila do que a dela de agora. Caminhei 30 km. Por isso mesmo, implorei para ela desistir da ideia, sabia que ela não teria o condicionamento físico necessário. Você consegue levar um litro de água, então não dá pra beber água, só molhar a boca. Porque se você leva 2 litros, depois de 10 km parece que está pesando 50 kg", descreveu Leci, irmã de Lenilda, à BBC.