Morador do distrito de Amarantina, em Ouro Preto, Região Central de Minas, o operador de máquinas Ademiro Mansueto mal teve tempo de sair de casa na noite dessa segunda-feira (19/10). Ele é uma de mais de uma centena de pessoas desalojadas pelas inundações provocadas pelo temporal de 220 milímetros que atingiu a região.
"Sobrou praticamente a roupa do corpo, perdi tudo: máquina de lavar, TV, geladeira, fogão. Até os colchões a gente perdeu. Parte do que eu tinha dentro de casa estragou. E a outra parte, a enxurrada carregou", desabafa o pai de família, que mora com a esposa e três filhos de 6, 4 e 3 anos, a menos de 50 metros do Rio Maracujá.
O volume de chuvas fez com que o curso d'água transbordasse, deixando um rastro de destruição em ao menos cinco distritos de Ouro Preto.
"Foi questão de minutos até que a chuva alagasse tudo. Eu e minha mulher só tivemos tempo de colocar as crianças nas costas e sair correndo. Estamos ficando na casa da minha irmã.", conta o o morador.
A comerciante Geliane Pereira também teve que carregar a mãe durante a madrugada. Segundo a moradora, a água invadiu a casa da idosa, trazendo barro e muita sujeira. "Saímos de casa correndo e fomos buscá-la. Saímos eu, meu marido e meu cunhado no meio do temporal carregando a minha mãe, que já não anda mais", descreve a mulher.
Na Rua Olaria, o campo de futebol virou uma espécie de depósito de escombros da chuva. Os habitantes se reúnem no local para verificar o que será possível aproveitar.
A Escola Municipal Major Raimundo Félix virou abrigo e central de doações de alimentos, águas, roupas, colchões e toalhas.
Segundo a Defesa Civil Estadual, ao menos 25 famílias ficaram desalojadas. Um imóvel chegou a desabar. Ninguém ficou ferido, pois os residentes conseguiram sair a tempo.
O Corpo de Bombeiros registrou ocorrências em ao menos mais 4 distritos além de Amarantina, tais como Cachoeira do Campo, Santo Antônio do Leite, Antônio Pereira e Miguel Burnier.
O secretário de Obras de Ouro Preto classificou a situação do município como crítica.