O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu nesta segunda-feira (18/10) a autonomia na relação entre médico e paciente e também falou na liberdade dos cidadãos em relação a políticas públicas de saúde. As declarações foram dadas no Dia do Médico, durante o lançamento do programa ‘SOS de Ponta’, que visa qualificar profissionais da urgência do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O governo do presidente Bolsonaro é um governo que defende fortemente a vida, desde a sua concepção, mas é um governo que defende fortemente a liberdade. Nós queremos que as pessoas livremente possam ter acesso às políticas públicas de saúde, como por exemplo a política de vacinação”, disse Queiroga.
Apesar de não citar que é expressamente contra a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19, a fala vai ao encontro do que diz o presidente da República Jair Bolsonaro. Recentemente, o chefe do Planalto criticou a adoção do passaporte de vacinação e indicou que o governo federal não apoiará a medida já implementada por alguns estados.
"Quero dizer que naquilo que depender do governo federal, nós não temos passaporte da covid. Nunca apoiamos medidas restritivas. Sempre estivemos ao lado da liberdade, do direito de ir e vir, do direito ao trabalho e da liberdade religiosa", alegou durante discurso feito em uma viagem a Maringá (PR), no início do mês.
Por outro lado, especialistas defendem a adoção de um ‘passaporte da vacina’ como importante estratégia para estimular e ampliar a vacinação no país.
Autonomia médica
Já em relação a autonomia médica, o ministro foi mais contundente. “A relação médico-paciente tem que ser baseada na autonomia do médico e do paciente. O vínculo médico paciente é inquebrantável, não pode ser quebrado por quem quer que seja, nem pelo estado. É uma relação entre a consciência do médico e a confiança do paciente”, defendeu.
Também presente no evento, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina" por ser fervorosa defensora do uso do medicamento sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19, afirmou que a autonomia da comunidade médica foi questionada durante a pandemia.
“Não sabíamos que teríamos, ao longo de uma pandemia, o desafio de enfrentar pessoas que não conhecem a arte médica, nada entendem de medicina, e passaram a questionar a nossa autonomia, o direito da nossa relação médico-paciente, o direito das nossas escolhas, o direito de salvar vidas. Fomos questionados, estamos sendo perseguidos, desafiados a não exercer essa autonomia para qual nós fomos formados ”, disse.
Tratamento precoce
No início do ano, Mayra assinou um ofício do Ministério da Saúde, no qual a pasta pressionava a gestão municipal de Manaus a utilizar medicamentos, como a cloroquina, contra o coronavírus. O documento dizia ser "inadmissível" a não adoção da referida orientação.
No ofício enviado à secretária de Manaus, Mayra ainda solicitava autorização para que pudesse realizar uma “visita às unidades básicas de saúde destinadas ao atendimento preventivo à covid-19, para que seja difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internamentos e óbitos decorrentes da doença”.
Saiba Mais