Poucos dias após superar a trágica marca de 600 mil mortos por covid-19, o Brasil parece finalmente estar controlado o contágio do vírus. De acordo com o último levantamento do Imperial College de Londres, a taxa de transmissão da covid-19 no país é a menor desde abril de 2020, quando o instituto começou a monitorar os dados. Ontem, o índice chegou a 0,60, o que indica que 100 pessoas contaminadas transmitem a doença para outras 60; há duas semanas, estava em 1,04.
De acordo com a margem de erro calculada pela universidade britânica, a taxa brasileira atual pode variar de 0,24 a 0,79. Quando está abaixo de 1 a taxa indica que a propagação do vírus está em declínio. O oposto ocorre quando ela está acima de 1, indicando aumento. A Rt é considerada uma das principais referências da evolução da pandemia.
O levantamento estima que o Brasil deve registrar cerca de 1,6 mil mortes nesta semana, podendo variar de 942 a 1.820 — um pouco menos do que foi registrado na semana passada, 1.636. Até o momento, o país acumula 21,5 milhões de casos de covid-19 e 601 mil vidas perdidas para a doença, de acordo com a última atualização do Ministério da Saúde.
O avanço da vacinação é o principal responsável pela diminuição da transmissão. Cerca de 149,6 milhões de brasileiros receberam a primeira dose, o equivalente a 70,17% da população; 99,6 milhões receberam as duas doses ou a dose única, 46,72% da população.
Na última sexta-feira, o Brasil atingiu a marca de 600 mil mortos pela covid-19. Trata-se de um número maior do que as populações de sete capitais do país, entre elas, Florianópolis e Vitória. O avanço da vacinação e a queda do número de infectados indica uma sensação de que o pior da pandemia já foi superado. Mas especialistas reforçam que o patamar de vítimas ainda é alto — cerca de 500 pessoas por dia e que são necessárias doses de reforço e atenção com as sequelas provocadas pelo vírus.
Relatório do Observatório da Covid-19, da Fiocruz, indica que o fim da crise sanitária deve ocorrer nos primeiros meses do ano que vem, embora especialistas divergem sobre o prazo. “O fim da pandemia não representará o fim da 'convivência' com a covid-19, que deverá se manter como doença endêmica e passível de surtos mais localizados”, afirma o texto da instituição.
CoronaVac
Um grupo de especialistas que assessora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, esta semana, a aplicação de uma dose de reforço contra a covid-19 em idosos completamente imunizados com a CoronaVac e em pessoas com imunidade comprometida que tomaram qualquer vacina. “Ao implementar esta recomendação, os países devem inicialmente ter como objetivo maximizar a cobertura de 2 doses nessas populações e, posteriormente, administrar a terceira dose, começando nos grupos de idade mais avançada”, diz um comunicado do Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas da OMS (Sage, na sigla em inglês).
Segundo os profissionais, é preferível que pessoas com 60 anos ou mais que receberam duas doses da CoronaVac tomem a terceira dose do próprio imunizante. No entanto, os especialistas ponderam que, ao se levar em conta a disponibilidade das vacinas, o uso na dose de reforço de um imunizante diferente do aplicado nas duas primeiras doses pode ser considerado.
O Sage também recomendou a aplicação da terceira dose de qualquer vacina em indivíduos com imunidade comprometida. Esse grupo populacional, segundo a OMS, tem uma resposta imune mais baixa aos imunizantes e, portanto, corre mais riscos ao contrair o coronavírus. Além da CoronaVac, que é produzida no Brasil pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, a recomendação também vale para os imunizantes fabricados pela Sinopharm. (Com agências)