VIOLÊNCIA

Paraguaios prendem 6 suspeitos de chacina

A polícia do Paraguai prendeu, ontem, seis brasileiros suspeitos de envolvimento no atentado que matou quatro pessoas e deixou outras três feridas, no último sábado, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil. Os suspeitos estavam em um sobrado, na localidade de Cerro Corá, vizinha de Pedro Juan. No local, os policiais apreenderam três carros, celulares, joias e porções de maconha. Segundo a investigação, eles teriam abandonado e queimado uma caminhonete semelhante à que foi usada no ataque.

Os suspeitos foram identificados como sendo Juares Alves da Silva, Hywulysson Foresto, Luís Fernando Armando Simões, Gabriel Veiga de Sousa, Farley José Cisto da Silva Carrijo e Douglas Ribeiro Gomes, mas as identidades ainda estão sendo confirmadas com ajuda da polícia brasileira. O Ministério Público e a polícia paraguaia ainda investigam a relação dos suspeitos com a chacina.
O ataque aconteceu no bairro General Diaz, a cinco quadras da fronteira com o Brasil. As vítimas saíram de uma festa e entravam em uma caminhonete Blazer quando foram atacadas. Tiros de fuzil e pistola atingiram as brasileiras Kaline Reinoso de Oliveira, de 22 anos, Rhamye Jamilly Borges, de 18, e a paraguaia Haylle Carolina Acevedo Yunis, de 21, filha do governador do departamento de Amambay, Ronald Acevedo.

As três jovens eram estudantes de medicina. Também foi morto Osmar Vicente Alvarez Grance, de 32 anos, alvo principal do ataque, segundo a investigação — ele seria ligado ao narcotráfico e tinha desavenças com a facção brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC). Outra linha de investigação é de crime político, pois pelo menos 10 candidatos às eleições municipais, que se realizaram no último domingo no país vizinho, sofreram atentados. Um irmão do governador, José Carlos Acevedo, prefeito licenciado de Pedro Juan Caballero, é candidato a um novo mandato no comando da cidade.

O ataque aconteceu por volta das 6h30 quando o carro em que os jovens mortos estavam foi abordado por outro veículo. Os bandidos desceram e fizeram dezenas de disparos — no local, a polícia recolheu mais de 60 cápsulas de vários calibres. Kaline foi atingida por 14 disparos e Rhannye, por 10. As duas brasileiras faziam medicina na Universidade Central do Paraguai (UCP), câmpus de Pedro Juan. Omar e a filha do governador foram atingidos por mais de 30 disparos.

Outras duas pessoas que estavam no veículo, Bruno Elias Pereira Sanchez e Rafaeli Nacimento Alvarez, ambos de 20 anos, foram atingidas, mas levadas com vida para um hospital particular.

Família domina cena política da fronteira

A família Acevedo domina o cenário político na região de Pedro Juan Cabalero, cujo lado brasileiro é a cidade de Ponta Porã (MS) — uma rua divide as duas cidades. Um irmão do governador, o então senador Robert Acevedo, sofreu um atentado em 2010. Ele levou dois tiros, foi socorrido e sobreviveu, mas dois seguranças morreram no ataque. Na época, o político e a polícia paraguaia atribuíram o crime a Primeiro Comando da Capital (PCC), facção paulista que tem ramificações no Paraguai. O Ministério Público designou uma equipe de promotores para acompanhar as investigações.