VACINAÇÃO CONTRA COVID-19

Covax Facility cobra do G20 doação de vacinas contra covid-19

Em carta aberta, coalizão diz que recebeu apenas 150 milhões de imunizantes dos 1,3 bilhão de doses prometidas pelos países mais ricos

Maria Eduarda Cardim
Gabriela Bernardes*
postado em 29/10/2021 14:41 / atualizado em 29/10/2021 14:41
 (crédito: Thomas Kienzle/AFP)
(crédito: Thomas Kienzle/AFP)

Em apelo às 20 maiores economias do mundo, a Covax Facility — coalizão global de distribuição gratuita de vacinas contra a covid-19 — pediu, em uma carta aberta, nesta sexta-feira (29/10), comprometimento para a garantia de acesso global equitativo aos imunizantes contra o novo coronavírus em todo o mundo. Segundo o documento, de 1,3 bilhão de doses prometidas pelos países mais ricos para a Covax, apenas 150 milhões de unidades foram entregues. O Brasil aderiu à iniciativa e adquiriu 42,5 milhões de vacinas da Covax, mas só recebeu 13,8 milhões até o momento.

“Economias ricas se prontificaram e prometeram 1,3 bilhão de doses para Covax. Até agora, 150 milhões delas foram entregues. Frequentemente, elas vêm a conta-gotas, com pouca antecedência e vida útil curta. As doações precisam ser aceleradas, mais sistemáticas e com prazo de validade suficiente para garantir que possam ser entregues com sucesso”, cobrou a carta.

Assinam a carta autoridades da coalizão, como a ministra de Saúde da Etiópia e copresidente do grupo de engajamento da Covax, Lia Tadesse, o ministro da Saúde da Colômbia e copresidente do Conselho de Acionistas da Covax, Fernando Ruiz Gómez, e o CEO da Aliança Gavi, Seth Berkley.

A Covax é uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), Aliança Gavi, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), entre outras diversas entidades e fabricantes de vacinas, que trabalha na aquisição e distribuição de doses do imunizantes contra a covid-19 para os países mais pobres.

Desigualdade

Segundo o documento da Covax, enquanto os países mais ricos já veem resultados de seus programas de imunização, as nações mais pobres não atingiram nem o mínimo esperado da campanha vacinal. “Nos países de renda média-baixa do mundo, apenas 35% da população está imunizada com pelo menos uma dose de vacina. Esse número cai para menos de 3% nos países classificados como de baixa renda pelo Banco Mundial”, relata o texto.

Enquanto isso, em outros países a situação é bem diferente. “Durante esse tempo, as nações mais ricas do mundo implementaram programas de vacinação bem-sucedidos e estão a caminho de administrar doses de reforço para suas populações”, completa o documento.

Apesar de não ter recebido todas as doses da Covax, o Brasil é um dos países que já aplicam a dose de reforço em parte da população. Idosos com mais de 60 anos, profissionais da saúde e pessoas imunossuprimidas já podem receber uma dose para reforçar a imunização completada anteriormente.

“A COVAX poderia ter alcançado muito mais do que foi capaz até agora. É por isso que pedimos que continuem e intensifiquem o apoio para que possamos ter a chance de controlar essa pandemia em todos os lugares, não apenas na metade do mundo que tem dinheiro e influência política para ter acesso às suas próprias vacinas”, finaliza a carta.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

 

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