Cerca de 35 mil crianças e adolescentes foram brutalmente assassinados no Brasil entre 2016 e 2020. O número corresponde a um total de 7 mil pessoas entre 0 a 19 anos mortas no país por ano. Os números estão no levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que mostra o panorama da violência letal e sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, lançado nesta sexta-feira (22/10).
De acordo com o estudo, nesse período, ao menos 1.070 crianças de 0 a 9 anos foram mortas de maneira violenta. Dessas vítimas, 41% eram do sexo feminino e 59%, do sexo masculino; 61% eram negras e 38%, brancas. Os dados mostram que a maior parte foi vítima dentro de casa.
A violência urbana foi a causa maior das mortes de crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos. Segundo o estudo, em média, 5% das vítimas estão na faixa etária entre 10 e 14 anos, e 95% têm entre 15 e 19 anos de idade. Contudo, os dados possuem subnotificação e preenchimento de dados dos boletins de ocorrência defeituosos. Portanto, há variável no número.
Em 2020, com dados mais completos de 19 estados, houve morte violenta de 4.481 adolescentes entre 15 e 19 anos. Para as crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos, considerando os 27 estados em 2020, foram 5.585 mortes. “O maior desafio é o preenchimento do boletim de ocorrência. Esse número a gente sabe que é superior e, por isso, trabalhamos com uma estimativa conservadora”, disse a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno.
Os dados são, por vezes, incompletos, pois a maior dificuldade dos pesquisadores é com relação à qualidade dos dados. “É possível afirmar que esse é um número mínimo, uma vez que alguns estados que não submeteram os dados abertos pela idade simples da vítima, ou não informaram os dados referentes a todos os anos da série histórica. Assim sendo, é possível considerar que se trata de um número subestimado. Foram desconsiderados dados de mortes de crianças de 0 anos do Espírito Santo e de 5 a 9 anos do estado de Roraima, por inconsistência nas bases”, diz trecho do estudo.
Mortes em outros lugares
Entre 2018 e 2019, o estudo mostra estabilização das mortes em residências. Contudo, há aumento dos assassinatos em “outros”, quando não há “especificação do local em que ocorreu o crime”. Entre 2019 e 2020, durante a pandemia, as mortes em domicílio também são menores.
Por outro lado, há aumento significativo no percentual de mortes violentas em vias e estabelecimentos públicos. As mortes nestes anos também são variáveis, haja visto os impactos das medidas de isolamento impostas pela covid-19.
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