“Quando chegamos ao local só havia arroz puro e os internos da clínica disseram que, praticamente, só comiam aquilo e, às vezes, com um legume que se planta no local". A situação, descrita pelo delegado Rafael Jorge, foi flagrada em um estabelecimento que deveria recuperar dependentes químicos em Sacramento, no Triângulo Mineiro. O espaço foi interditado nesta quarta-feira (20/10).
O responsável pela clínica é procurado sob a suspeita de cárcere privado e maus-tratos contra os pacientes. “Foram entrevistados vários internados, os quais foram claros em dizer que estavam presos no local, absolutamente contra a vontade própria, até mesmo sem contato com parentes ou outras pessoas", inicia o delegado.
"Mesmo quando eram autorizados a fazer alguma ligação, eram monitorados pelos coordenadores do local, para não dizerem o que ocorria na clínica”, complementa Rafael Jorge. A clínica fica na zona rural de Sacramento, nas proximidades da ponte de Rifaina (SP), na divisa entre Minas e São Paulo.
O dono do estabelecimento e suspeito dos crimes foi identificado. Ele reside em Franca (SP) e é considerado foragido. Dois funcionários, que são ex-internos, estavam no local e também prestaram depoimentos à PC.
Superlotação, fome e insalubridade
O delegado informa ainda que a clínica possuía a capacidade para receber cerca de 20 pessoas, mas foram contabilizados 56 internos. “No local foi constatado, além dos crimes de cárcere privado e maus-tratos contra os internos, extrema falta de higiene no ambiente, quantidade de camas insuficiente para a quantidade de pessoas internadas e até mesmo internos passando fome”, destaca Rafael Jorge.
Os próprios pacientes cozinhavam as refeições, sendo que só foi encontrado arroz no local. Além disso, eram ministrados na clínica remédios controlados sem orientação médica. “Tudo constatado presencialmente pelo promotor de Justiça José do Egito de Castro Sousa”, reforça o policial civil.
Representantes do Ministério Público e da Vigilância Sanitária de Sacramento também participaram da operação.
Animais em cativeiro
O dono da clínica poderá responder ainda pelo crime de ter em cativeiro espécies da fauna silvestre.
“Diversos animais da fauna silvestre em gaiolas foram recolhidos do local pelos militares da Polícia Militar Ambiental”, finaliza o delegado Rafael Jorge.
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