Uma criança Yanomami, de 5 anos, nadava próximo a uma balsa de garimpeiros no rio Parima, situado na região de Alto Alegre, em Roraima, quando foi levada pela força da correnteza. O corpo do menino foi encontrado sem vida na última quarta-feira (13/10).
O Corpo de Bombeiros segue em busca de uma outra criança, de 7 anos, que estava com a vítima no momento e permanece desaparecida. "Devido a distância e a dificuldade de acesso, o CBMRR ficou aguardando a disponibilização de uma aeronave pela autoridade indígena solicitante, o que só ocorreu no fim da tarde. Os mergulhadores estão no local realizando as buscas desde as primeiras horas desta quinta-feira", afirma a corporação.
Lideranças indígenas da comunidade Makuxi Yano acusam as dragas — tipo de embarcação que tem como função retirar os minérios — de terem sugado a criança puxando-a para o meio do rio.
"A morte das duas crianças Yanomami é mais um triste resultado da presença do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, que segue invadida por mais de 20 mil garimpeiros", afirmou Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.
A associação comunicou o desaparecimento dos meninos, que são primos, ao Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-Y) no fim da tarde de terça (12/10). Em seguida, a denúncia foi encaminhada a Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Corpo de Bombeiros.
A Funai informou ao Correio que, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'Kwana, acompanha o caso junto aos órgãos de saúde e segurança pública competentes e reforçou que permanece à disposição para colaborar com o trabalho das autoridades.
Garimpo clandestino
Em nota, a Hutukara Associação Yanomami reforça que o garimpo ilegal na Terra Indigena (TI) já destruiu mais de 3 mil hectates de área de floresta. Se comparado a dezembro de 2020, houve um aumento de 44% somente na região do Parima.
“O aumento da atividade garimpeira ilegal na Terra Indígena Yanomami está se refletindo em mais insegurança, violência, doenças, e morte para os Yanomami e Ye’kwana. As autoridades brasileiras precisam continuar atuando para proteger a Terra-Floresta, e impedir que o garimpo ilegal continue ameaçando nossas vidas”, diz o comunicado.
A TI, situada entre os estados do Amazonas e Roraima, é considerada a maior reserva indígena do país. O local abriga mais de 360 comunidades com mais de 27 mil indígenas.
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