Desigualdade

11 de outubro, Dia internacional das Meninas: o que é, como surgiu e porque é necessário

Data foi criada pela ONU para debater as desigualdades enfrentadas pelas meninas em todo o mundo; veja também a repercussão do dia entre personalidades nacionais e internacionais

Thays Martins
postado em 11/10/2021 16:28 / atualizado em 11/10/2021 16:42
 (crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)
(crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)

Neste 11 de outubro é celebrado o Dia Internacional da Menina. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e existe desde 2010. A ideia é colocar em evidência as desigualdade de gênero que afetam meninas em todo o mundo. Neste ano, a ONU utilizou a data para reforçar a necessidade de diminuir a diferença no acesso às tecnologias. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), o acesso de meninos à internet chega a ser quatro vezes maior que o das meninas.

Segundo a organização, essa diferença se reflete em outras áreas, como na empregabilidade, saúde reprodutiva e autonomia corporal. “Os investimentos na diminuição da diferença de gênero digital rendem enormes dividendos para todos”, destacou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, nesta segunda-feira (11/10).

Já a ONG pelos direitos da criança e igualdade para meninas Plan Internacional, usou o dia para lembrar do impacto das fakes news sobre as meninas. Uma pesquisa feita pela ONG apontou que nove a cada dez meninas que participaram da pesquisa já sofreram algum tipo de assédio on-line. Um outro levantamento apontou que 87% das meninas disseram que as fake news afetaram negativamente suas vidas.

A ONG lançou uma petição on-line em que pede aos governos que promovam alfabetização digital para todas as crianças, para que elas saibam diferenciar o que é verdadeiro do que é falso e os impactos de compartilhar algo enganoso. 

Desigualdades

A data é celebrada uma semana após o governo federal vetar um projeto de lei que previa a distribuição gratuita de absorventes para meninas de baixa renda. Dezenas de organizações emitiram um ofício contra a medida.

De acordo com o levantamento nacional, coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma em cada quatro jovens já faltou à aula por não poder comprar absorvente.

Já a pesquisa Por ser menina no Brasil: crescendo entre direitos e violências mostrou que a desigualdade de gênero começa na infância. No levantamento, 81,4% das meninas relataram que arrumam a própria cama, enquanto só 11,6% dos irmãos meninos fazem. 76,8% das meninas lavam a louça e 65,6% limpam a casa, enquanto apenas 12,5% dos meninos lavam a louça e 11,4% limpam a casa.

Ações pelo país

A ONG Plan Internacional Brasil promoveu hoje ocupações em lembrança a data, em São Paulo, no Maranhão, Piauí e Bahia. No movimento, as meninas ocuparam cargos públicos e privados por um dia para mostrar como geralmente elas não são vistas nesses lugares.

No Maranhão, uma menina governou, simbolicamente, o estado nesta segunda. Bia usou o espaço para destacar a importância das políticas públicas para diminuir as desigualdades. "Infelizmente muitas meninas não têm oportunidade de fazer escolha. Hoje, eu como governadora, uma menina preta e periférica, explico a pluralidade entre nós meninas, que nós, meninas de minorias, temos espaços e podemos ser o que quisermos", disse.

Nas redes sociais 

Vários famosos usaram a data para pedir o fim da desigualdade de gênero imposta a meninas de todo o mundo. A hashtag #dayofthegirl foi usada. Pelo Twitter, a skatista e medalhista olímpica Rayssa Leal lembrou do significado da data. "Então adultos, nos ajudem a crescer em um mundo consciente, com igualdade e com muito amor!", escreveu a atleta de 13 anos. 

A irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, também lembrou da tamanha necessidade de garantir direitos iguais para meninas. "Hoje é o Dia Internacional das Meninas e meu desejo é viver num país onde elas consigam viver plenamente a infância e juventude, sem assédio, sem estar sob a violência diária do Estado e possam construir futuros com condições iguais. Queremos nossas meninas vivas e felizes!", disse. 


A ativista e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai também lembrou do poder da educação. "Muitas vezes me perguntam como estou otimista para o futuro, quando nosso mundo enfrenta crise após crise, quando a esperança parece difícil de encontrar. Minha resposta é simples: eu conheço o poder de uma garota educada", disse.

I’m often asked how I'm optimistic for the future when our world faces crisis after crisis, when hope feels hard to come by. My answer is simple: I know the power of an educated girl. On #DayOfTheGirl, help build a better future for girls around the world: https://t.co/i9NiTqsv7O pic.twitter.com/T2UXGwfz1v

— Malala (@Malala) October 11, 2021

 

O ex-jogador de futebol David Beckham compartilhou uma foto ao lado da filha, Harper Beckham, de 10 anos, e disse que comemora por todas as meninas que estão lutando para quebrar barreiras. Como exemplo, ele compartilhou as fotos de algumas meninas, como a cantora Billie Eilish, a poetisa Amanda Gorman e a ativista Malala Yousafzai. "Essas garotas me deixam muito entusiasmado com o futuro à frente e com a inspiração que minha filha Harper Seven tem por causa de sua determinação", escreveu. 

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também usou as redes para falar sobre a importância da educação para meninas. "Educar meninas não apenas melhora vidas, mas transforma sociedades. O Reino Unido é um grande apoiador da educação de meninas e sempre farei campanha para dar a todas as meninas do mundo 12 anos de educação de qualidade", disse.

 


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