Estudantes indígenas e quilombolas marcharam até o Ministério da Educação (MEC), nesta quinta-feira (7/10), em protesto por melhores condições de acesso e permanência de indígenas e quilombolas no ensino superior brasileiro.
Os estudantes partiram do acampamento instalado na Funarte às 9h. Ao chegarem no prédio do MEC, realizaram um “aulão”, no qual profissionais já formados com auxílio do programa Bolsa Permanência apresentaram seus trabalhos e teses produzidas durante seus cursos.
“É para mostrarmos para eles a nossa importância dentro das universidades, o que nós produzimos. Não chegamos aqui por bolsa, mas, sim, pelo nosso conhecimento”, afirma Samehy Pataxó, uma das coordenadoras do Fórum de Estudantes Indígenas e Quilombolas.
A expectativa era de que os manifestantes fossem recebidos por uma equipe do Ministério, o que não ocorreu.
Corte em programa
De 2018 a 2021, o programa Bolsa Permanência teve um corte superior a 50%. Dos 22 mil estudantes atendidos em todo o país, apenas 10 mil seguem tendo acesso ao programa.
"A educação superior é um direito constitucional e não deve ser abordada como privilégio de poucos. Precisamos debater sobre a universidade, o ensino, a pesquisa e a extensão com a nossa cara, com a diversidade dos povos quilombola e indígena", destaca Teo Guajajara, diretor executivo da União Nacional dos Estudantes (UNE).
O diretor de Políticas e Programas da Educação Superior do MEC, Edimilson Costa Silva, alega que não houve aumento na oferta de vagas por falta de recursos no orçamento para o programa. O representante do órgão de educação disse, na audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, na terça-feira (5), que a previsão era de que 4 mil novos estudantes fossem incluídos no programa, mas o MEC não obteve a aprovação do orçamento correspondente.
Fórum Nacional
O I Fórum Nacional de Educação Superior Indígena e Quilombola reúne estudantes de 50 universidades públicas e privadas de todas as regiões do país. Com o tema “Os desafios do acesso e permanência de quilombolas e indígenas no ensino superior brasileiro”, o evento está sendo realizado em forma de acampamento instalado no espaço da Funarte, em Brasília, até esta sexta-feira (8).
O fórum faz parte do conjunto de manifestações realizadas desde de junho deste ano, entre elas os acampamentos ‘Luta Pela Terra’ e ’Luta Pela Vida’, a II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas e Movimento Nacional dos Estudantes Quilombolas (MONEQ).
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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