A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta terça-feira, 5, a abertura das inscrições dos blocos e outros detalhes do carnaval de rua de 2022. Mesmo com a pandemia ainda em curso, a gestão Ricardo Nunes (MDB) projeta que os números da covid-19 estarão em baixa daqui a quatro meses, permitindo a repetição do público de 2020, de 15 milhões de pessoas. Não estão previstas restrições a aglomerações.
A ideia é novamente concentrar a programação nos quatro dias de carnaval e em outros dois fins de semana (o anterior e o posterior à data comemorativa), totalizando oito dias. As cidades com os maiores carnavais do País, como Salvador, Rio e Recife, também têm sinalizado na mesma direção.
O secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, destacou que a realização do evento dependerá da situação da pandemia no início de 2022.
Na avaliação dele, o maior risco seria o surgimento de uma variante de preocupação que pudesse gerar um "impacto sanitário grande", como foi com o avanço da P.1, originalmente identificada em Manaus. "Neste momento, iniciamos o planejamento do evento (com a publicação de editais; uma comissão planeja o evento desde julho). A sua realização dependerá do quadro sanitário do ano que vem", afirmou.
Ele e outros secretários presentes na coletiva admitiram que é inviável ter um controle sanitário da covid-19 em um evento deste porte.
Questionado sobre o assunto, Aparecido destacou a redução nos números de óbitos e internações, além de estimar que 90% da população paulistana estará com o esquema vacinal completo (duas doses ou a vacina de dose única) até 15 de outubro, número que chegaria perto de 100% até o fim do mês. "A cidade está muito próxima do controle da pandemia."
Ele admitiu que seria inviável haver um controle de vacinados entre o público. "Em um evento desta natureza, de grande participação popular, é evidente que fica muito difícil ter controle de apresentação de comprovação vacinal", comentou. Ele salientou que a expectativa é de avanço da cobertura vacinal em todo o País até o ano que vem.
Com o crescimento nos últimos anos, o carnaval paulistano tem atraído foliões de outros locais. Uma pesquisa do Observatório do Turismo, da Prefeitura, apontou que 73,6% dos foliões moram na cidade e que 50,4% vai a mais de um desfile. Entre os visitantes, 59,3% vivem na Grande São Paulo, 20,7% no interior paulista, 19,4% em outros Estados e 0,6% fora do País.
Outro dado apontado no levantamento é que o público majoritariamente utiliza transporte coletivo para ir aos desfiles, principalmente ônibus ou trem (51,4%) e ônibus (31,6%). Durante a programação, são frequentes casos de estações e veículos com altíssima lotação.
A média móvel é de 498 mortes diárias por covid-19 no País, calculada com base nos dados dos últimos sete dias. Ao todo, apenas 44,2% da população brasileira está com o esquema vacinal completo. A estabilização dos números da doença neste patamar tem preocupado parte dos especialistas.
Maioria do público se concentra em megablocos, aponta Prefeitura
Na coletiva, a Prefeitura mostrou ter desenvolvido um cálculo para estimar a capacidade e quantidade de públicos dos desfiles, com a classificação da aglomeração em cinco níveis (o mais alto é de 6 pessoas por metro quadrado). Estes dados serão utilizados exclusivamente para o planejamento de infraestrutura, não para a contenção de aglomerações.
Segundo dados apresentados pelo secretário municipal das Subprefeituras, Alexandre Modonezi, 85% do público frequenta cerca de 10% dos blocos, de médio e grande porte. Os chamados megablocos geralmente são liderados por agremiações populares (como o Acadêmicos do Baixo Augusta, por exemplo) e artistas famosos, como a cantora Daniela Mercury e outros.
Ao todo, a edição de 2020 teve 570 blocos e 670 desfiles. A maioria dos desfiles fica concentrada especialmente na região central (240) e zona oeste (224), majoritariamente nas subprefeituras Sé, Pinheiros e Lapa.
O período de inscrições de blocos estará aberto de 15 de outubro a 5 de novembro, com divulgação do resultado em 28 de novembro. O edital de patrocínio do evento será publicado em 18 de outubro. Os percursos dos blocos não serão alterados, com os desfiles de maior porte concentrados na Rua da Consolação, na Avenida Tiradentes, no Parque do Ibirapuera e em outros sete pontos.
Durante a coletiva, a Prefeitura também anunciou a instalação de tendas temáticas contra a violência contra a mulher, o assédio, o racismo e a LGBTfobia, além de uma voltada ao cuidado infantil. Serão distribuídas pulseiras para a identificação de crianças e adolescentes, além de camisinhas.
Embora não tenha sido citado na coletiva, a Secretaria das Subprefeituras firmou um contrato de seis meses com a FDTE no fim de agosto para a elaboração de um "estudo para planejamento estratégico através da disciplina da engenharia da complexidade, visando otimizar as ações de segurança e mobilidade urbana em eventos de grande porte, em especial o Carnaval de Rua", com o valor de R$ 430 mil.
Além disso, em 23 de setembro, a Prefeitura abriu um pregão para contratar empresa para oferecer banheiros químicos nos desfiles.
Também para o ano que vem, produtoras preparam festivais com a temática carnavalesca para janeiro, com apresentações de blocos e artistas, em locais como o Canindé e o Memorial da América Latina. A venda de ingressos já está aberta.
Os desfiles das escolas de samba estão previstos de 25 a 28 de fevereiro, com o retorno das campeãs ao sambódromo em 5 de março. Nesta terça, a São Paulo Turismo, vinculada à Prefeitura, publicou o edital de chamamento público para exploração comercial dos camarotes nas edições de 2022, 2023 e 2024.
Parte das agremiações tem retomado aos poucos o ritmo de trabalho, com seleção de integrantes para comissão de frente, apresentação de fantasias e ensaios fechados.
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