Voltar a frequentar a igreja é a atividade prioritária para 26% dos brasileiros após o fim da pandemia, segundo pesquisa divulgada pela empresa Bateiah. O levantamento mostra as principais atividades que as pessoas pretendem desenvolver depois que o novo coronavírus deixar de ser uma ameaça à saúde e à vida humanas. Em segundo lugar entre as escolhas dos pesquisados vem o turismo, com 17,8% manifestando a intenção de fazer uma viagem no pós-pandemia.
No levantamento dos dados, foram realizadas 1.455 entrevistas por telefone entre 8 e 27 de julho. Para definir as amostras, a pesquisa levou em conta as faixas etárias e o gênero dos entrevistados, ponderados com base em dados censitários do IBGE. A margem de erro é de 2,6%, para um nível de confiança de 95%.
Ir à igreja é destaque entre os mais velhos. Essa é a intenção de 34,5% das pessoas com idade entre 40 e 49 anos, e de 33,1% dos entrevistados que têm 50 anos ou mais. Coordenador da pesquisa, o sociólogo Fábio da Silva Gomes explica que isso se deve ao fato de a maioria dos fiéis cristãos no Brasil ser formada por pessoas com idade mais avançada. “Se você pegar as denominações mais históricas, pentecostais, neopentecostais e católicas, você verá que elas são majoritariamente formadas por pessoas com mais idade”, disse.
Segundo Fábio, a liderança da igreja na pesquisa se deve à grande população cristã presente no país. “Se você somar evangélicos e católicos, temos quase 90% da população brasileira, que são majoritariamente pessoas com mais idade. Óbvio que têm jovens, mas não na mesma proporção do total da população.”
Já entre a população abaixo dos 30 anos, o plano de ir ao teatro ou a shows é predominante. Dos 20 a 29 anos, a porcentagem é de 14,6% e a mesma proporção é vista entre os jovens abaixo de 19 anos. “Entre os mais jovens, predomina a intenção de frequentar centros em comércios populares e shows. É uma questão de interesse, o que mais fez falta durante a pandemia”, diz o coordenador da pesquisa.
A estudante Byanca Carvalho de Souza, de 20 anos, foi uma das entrevistadas. Ela escolheu igreja, academia e viagens como as atividades prioritárias após a pandemia. “Para mim, esses são ambientes com ações que me incentivam a pensar que posso viver o mais normalmente possível, apesar da pandemia. Me cativam para não desanimar e continuar a vida”, disse.
Byanca vem frequentando a igreja e a academia com todos os cuidados necessários e com frequência menor do que antes. Agora, com avanço da vacinação, ela se sente mais segura para fazer as atividades de que mais gosta. “Apesar de não estar totalmente ausente do risco, pelo menos existe uma segurança a mais devido às vacinas e precauções.”
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Renda
A pesquisa também mostra diferenças nas prioridades pós-pandemia entre pessoas de diferentes faixas de renda. Dos que têm renda familiar de até dois salários mínimos mensais, 31,8% veem a igreja como a primeira opção de atividade a fazer. Entre os que têm renda familiar acima de 10 salários mínimos, 27,4% pretendem fazer viagens de longa distância (avião) quando a pandemia acabar.
Fábio da Silva destaca que as igrejas aparentam ser o segmento com melhores perspectivas apontadas pela pesquisa, mas diz que um olhar mais atento indica o varejo como setor mais beneficiado pelos dados. “Se você somar os centros de comércio popular aos restaurantes e shoppings, já temos quase 30% para o varejo, já ultrapassa a igreja. Se segmentarmos os dados para o varejo, esse é o setor que mais ganha”, pontuou.
Dulce de Amaral, 62 anos, não quer viajar, ir para a igreja ou restaurantes no fim da quarentena. “O que eu mais sinto vontade de fazer depois da pandemia é abraçar as pessoas, amigos, filhos e colegas”, disse ela. Apesar da saudade dos abraços, a servidora pública continua cuidadosa e diz que só vai voltar a abraçar quando não houver mais mortes por covid-19 no país. “Acho que só vou me sentir segura quando o índice de morte baixar para zero”, afirmou.