RACISMO

Adolescente negra é confundida com pedinte e barrada em shopping de Fortaleza

Mesmo vestida com kimono, por ter praticado jiu-jitsu horas antes, e de mochila nas costas, a segurança do local impediu a entrada da garota de 16 anos

Uma segurança de um shopping do Bairro Cocó, em Fortaleza (CE), impediu uma adolescente negra de 16 anos de entrar no estabelecimento por pensar que a jovem era uma pedinte. A menina queria comprar pães na padaria do local.

A adolescente se chama Mel Campos, e conta que não entendeu de imediato a abordagem da segurança. “Ela disse que eu não podia estar pedindo dinheiro ali e eu não entendi. Eu questionei ‘[a padaria] está fechada? Não pode mais fazer pedido?’. Aí ela disse ‘não, não pode pedir aqui dentro’, aí eu entendi o que ela estava querendo dizer”, conta. As informações são do G1.

A adolescente teve que convencer a segurança de que não queria pedir dinheiro ou comida no local, e sim consumir os serviços da padaria. “Eu falei: ‘não moça, eu sou cliente, eu vim aqui comprar’. Eu tentei explicar a situação, aí ela pediu desculpas, e eu entrei”, relata.

Para o pai da garota,o defensor público Adriano Leitinho, a ação foi motivada por racismo, já que a filha é negra. “A segurança tratou a minha filha como pedinte apenas por ser negra, ligando a cor à pobreza, o que é inadmissível e é racismo”, disse.

No momento da abordagem, Mel estava vestida com um kimono usado para praticar jiu jitsu. “Ela não estava pedindo nada a ninguém. E mesmo se estivesse, não justificava a abordagem racista e discriminatória”, pontua Adriano, que registrou uma notícia-crime na Delegacia da Defesa da Criança e do Adolescente.

De acordo com a TV Verdes Mares, de Fortaleza, a gerente do Shopping Pátio Portugaleria, Lúcia Alves, confirmou o episódio e disse ter se desculpado com Mel e Adriano. Ela afirmou que a segurança viu a adolescente correr entre um posto de combustível e o shopping, e, por isso, achou que a menina era pedinte. Na quinta-feira (23/9), a segurança pediu demissão. “Nós temos 20 anos aqui e nunca aconteceu nada parecido. Pedimos desculpas pelo acontecimento”, pontuou a gerente.

 

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