A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou o recolhimento de mais de 12 milhões de doses da vacina CoronaVac contra a covid-19 que foram produzidas em uma fábrica da China que não foi inspecionada pelo órgão. A vacina é produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
A agência concluiu que os dados apresentados pelo laboratório chinês não comprovaram a realização do envasamento da vacina em condições satisfatórias e de boas práticas de fabricação.
Ao todo, 21,1 milhões de vacinas saíram de circulação, 12 milhões já estavam no país e outras 9 milhões em tramitação de envio. Na semana passada, o Instituto Butantan anunciou que as vacinas interditadas serão substituídas. As primeiras 6,9 milhões de doses já foram entregues no dia 15.
As secretarias de Saúde de pelo menos 13 estados e do Distrito Federal confirmaram que receberam vacinas desses lotes e entraram em contato com os municípios para suspender a aplicação. O Ministério da Saúde não informou quantas doses dos lotes interditados foram aplicadas no país.
Apenas São Paulo, a cidade do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins divulgaram os seus números. Além desses estados, a Paraíba também confirmou ter aplicado parte das doses recebidas desses lotes, mas não informou quantas delas já foram aplicadas.
O governo de São Paulo diz ter aplicado 3,8 milhões de doses. No Rio, 1.206 pessoas foram vacinadas com doses da CoronaVac de um dos lotes suspensos. Já no Rio Grande do Norte, foram aplicadas 21 doses, enquanto o governo do Tocantins afirma ter aplicado pelo menos 227 doses.
Segundo a Anvisa, o monitoramento das pessoas vacinadas é de responsabilidade do importador da vacina e do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que não há necessidade de revacinação das pessoas que receberam as doses interditadas. Ele também disse que o Butantan tem monitorado essas pessoas e nenhuma delas apresentou qualquer reação ou teve algum problema.
“Essas vacinas não têm problema de qualidade, isso está mais do que atestado. Aqui no Estado de São Paulo, em torno de 3 milhões de pessoas já receberam (as doses) sem nenhum problema. É absoluta a tranquilidade do ponto de vista das pessoas que foram vacinadas com esses lotes”, disse em entrevista coletiva.
A Anvisa explicou que o importador da vacina tem a responsabilidade de inutilizar os lotes. “A forma de inutilização fica a critério do importador, podendo ser feita a devolução dos produtos à Sinovac ou a destruição”, diz a nota publicada pela agência.
Dimas Covas anunciou, que o Butantan fará o recolhimento das vacinas. O instituto enviará à Anvisa, até o final desta semana, o mapa de distribuição dos lotes interditados, mas não há, ainda, uma data para que elas sejam recolhidas.
Covas acrescentou que não descarta a possibilidade de doar as vacinas para países da América Latina. “Nós vamos aguardar, obviamente, para dar o destino adequado a essas vacinas, juntamente a Sinovac. Não estando descartado a possibilidade de doação dessas vacinas para países aqui da América Latina. É uma vacina que não tem problema de qualidade, isso já está mais do que atestado”, afirmou.
* Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo
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