Após suspender a vacinação contra a covid-19 de adolescentes sem comorbidades, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que um evento adverso da vacina não é justificativa para paralisar a campanha de vacinação ou relativizar os benefícios da imunização.
"A gente teve um efeito adverso e a mim cabe avaliar esses efeitos adversos da vacina. Eles existem e não são motivos para suspender campanha de vacinação ou relativizar seus benefícios, mas a autoridade sanitária tem que avaliar esses casos até para que façam as notificações devidas”, afirmou aos jornalistas em Nova York, onde acompanha o presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, o ministro se contradiz com a declaração. Queiroga ordenou a suspensão da vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades devido à existência de eventos adversos. Dentre estes eventos está a morte de uma adolescente de São Paulo, que recebeu a vacina da Pfizer dias antes do óbito.
No entanto, segundo uma análise divulgada pelo governo estadual de São Paulo, a morte da jovem de 16 anos não tem relação com a vacina contra a covid-19, mas sim com uma doença autoimune, denominada Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PPT).
Mesmo com a análise do governo paulista, o Ministério da Saúde não voltou atrás na decisão e diz que ainda aguarda a conclusão do caso ser feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Em nota ao Correio, a pasta disse que vai "priorizar a vacinação das faixas etárias com maiores riscos de desenvolverem formas mais severas da doença". "Portanto, neste momento, a pasta orienta que a vacina covid-19 seja aplicada apenas em adolescentes com comorbidades", completou.
"Desobediência"
Apesar de o governo federal ter recomendado a suspensão da imunização de adolescentes sem comorbidades, muitos estados continuaram com a aplicação de doses neste grupo. O ministro da Saúde voltou a reclamar dessa atitude. “Tenho defendido fortemente se obedecer às recomendações do PNI, o que lamentavelmente não é feito”, disse.
Queiroga disse ainda que o país não precisa acelerar a imunização. "Às vezes, acelerando demais você pode escorregar na curva e sobrar. O Brasil já vai muito bem na vacinação. Temos uma perspectiva real, em função das doses que estamos distribuindo, de no fim de outubro termos toda a população acima de 18 anos vacinada com as duas doses", ressaltou.