Até o momento, governos e prefeituras do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Tocantins confirmaram que aplicaram doses da vacina Coronavac dos lotes interditados no último sábado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No estado fluminense, foram aplicadas 1.206 doses. Tocantins e Minas Gerais ainda não fizeram o levantamento de quantas pessoas receberam doses dos 25 lotes importados pelo Instituto Butantan que não receberam autorização de uso. A Anvisa proibiu a distribuição de mais de 12 milhões de doses da Coronavac fabricadas em uma planta da farmacêutica Sinovac, na China, que não foi vistoriada pelo órgão regulador brasileiro.
Após a proibição, a agência e o Ministério da Saúde fizeram um alerta aos governos estaduais e municipais para que suspendessem a vacinação com imunizantes dos lotes específicos. Alguns estados disponibilizaram dados de quantos municípios já haviam recebido esses imunizantes.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou que, por orientação da Anvisa, preventivamente suspendeu, na tarde de sábado (4), a utilização de um desses lotes da Coronavac e aguarda o posicionamento do Ministério da Saúde. “O Instituto Butantan enviou nota tranquilizando os usuários que foram vacinados com os lotes suspensos, ressaltando a segurança e a qualidade do imunizante”, declarou em nota.
Segundo a secretaria, no mesmo dia em que a Anvisa determinou a proibição, 1.206 pessoas foram vacinadas no município com doses do lote 202108113H e que, “neste momento, não há indicação de revacinar essas pessoas, e qualquer reação adversa deve ser comunicada à unidade de saúde que aplicou a dose”.
Já a Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES) informou que, entre os lotes interditados de forma cautelar pela Anvisa, o estado recebeu um, o lote L202106038, com 500 doses, que foram distribuídas para 29 municípios, conforme relatório emitido pelo sistema SIES. A secretaria esclareceu, em nota, que, conforme orientação do Ministério da Saúde, os municípios que não aplicaram as doses deverão reter as vacinas. “Já naqueles que aplicaram as doses, os usuários serão acompanhados pelas autoridades de saúde. A secretaria está realizando um levantamento sobre a aplicação das doses desse lote específico. No momento, quem tomou a dose da Coronavac não receberá outro imunizante.”
Em Minas Gerais, a secretaria estadual de Saúde relatou que recebeu e distribuiu o lote 202107101H da vacina do Instituto Butantan para unidades regionais de Saúde e para o município de Belo Horizonte. Com a proibição de uso, o órgão recomendou que o lote seja mantido em quarentena. De acordo com levantamento do órgão, “das 1.252.200 de doses da vacina do Instituto Butantan recebidas, neste sábado (4), enviadas pelo Ministério da Saúde, 823.400 doses estão dentre os lotes com interdição cautelar pela Anvisa, sendo 628.952 doses do lote 202108111H e 194.448 doses do lote 202108112H.”
Aqui no DF, a Secretaria de Saúde recebeu no fim de julho o lote L202106038, que está armazenado na Rede de Frio. “Não foi distribuído para nenhuma unidade, devido à validade ser superior aos lotes recebidos posteriormente. O lote foi colocado em quarentena e a SES/DF aguardará orientação do Ministério da Saúde”, informou o órgão em nota.
Ao Correio, a Anvisa afirmou que “trabalhará na avaliação das condições de Boas Práticas de Fabricação da planta fabril não aprovada, no potencial impacto dessa alteração de local nos requisitos de qualidade, segurança e eficácia das vacinas, e no eventual impacto para as pessoas que foram vacinadas com esse lote” e que “serão feitas tratativas junto ao Instituto Butantan para a regularização desse novo local na cadeia fabril da vacina junto à Agência”. De acordo com dados repassados pelo próprio Butantan à Anvisa, mais 17 lotes, totalizando 9 milhões de doses envasadas na fábrica não inspecionada, “estão em tramitação de envio e liberação ao Brasil”.
O Butantan, parceiro do laboratório Sinovac, garante que alertou a agência reguladora quanto à alteração da planta chinesa. De acordo com o instituto, a fábrica trocou alguns maquinários que, após a substituição, não foram inspecionados por fiscais brasileiros.