A partir das 14h desta quarta-feira (1º/9) ,os indígenas que estão acampados em Brasília desde a semana passada, marcham rumo à Esplanada dos Ministérios para acompanhar a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o marco temporal. Ainda que a decisão dos ministros seja aguardada com ansiedade, os povos acreditam que a deliberação seja remarcada outra vez.
"Como é um processo muito técnico, acredito que a votação deverá ser adiada mais uma vez, infelizmente, e isso tem como consequência o fortalecimento do PL 490 na Câmara dos Deputados. Se o STF votar a nosso favor, enfraquece e derruba de vez o projeto. É preciso que os ministros decidam o quanto antes para que as pautas anti-indígenas, defendidas pelo governo e seus aliados não sejam fortalecidas no Congresso", afirma Emerson Torres, co-fundador e Secretário Executivo da Associação de Jovens Indígenas Pataxó (AJIP).
Morte de indígenas
Mais de seis mil pessoas de diferentes etnias chegaram à capital federal na última semana. Os grupos estavam acampados na Esplanada dos Ministérios, em frente ao STF. Com o adiamento da sessão, mil pessoas permaneceram em Brasília e foram remanejadas para a frente da Funarte, no dia 30 de agosto. A expectativa deles é que os ministros do STF se sensibilizem sobre a questão indígena e sobre a gravidade do marco temporal.
O Atlas da Violência, divulgado na terça (31/8), mostrou que, entre 2009 e 2019, cerca de 2.074 indígenas foram assassinados. "Se o marco temporal passar, haverá a desestruturação dos órgãos de fiscalização e um aumento significativo da violência com essa população", afirma Daniel Cerqueira, diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves e coordenador do Atlas.