Vacinação covid-19

Queiroga cita falta de "evidências sólidas" para suspender vacina em adolescentes

Ministro da Saúde também criticou estados e municípios que começaram a vacinar jovens de 12 a 17 anos antes da data indicada pelo governo federal

Maria Eduarda Cardim
postado em 16/09/2021 18:06 / atualizado em 16/09/2021 20:59
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que, por uma questão de "cautela" e de falta de "evidências científicas sólidas", a vacinação contra covid-19 de adolescentes sem comorbidades foi paralisada no Brasil. A justificativa foi dada durante coletiva de imprensa, realizada nesta quinta-feira (16/9), para explicar a nota informativa enviada aos estados e municípios que indicava a suspensão de vacinação dos jovens de 12 a 17 anos sem comorbidades.

Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado a aplicação da vacina da Pfizer no público desta faixa etária, o ministro disse que as evidências científicas da vacina contra a covid-19 em relação aos subgrupos "estão sendo construídas".

"Recentemente o NHS (órgão regulador inglês) restringiu a vacina nos adolescentes sem comorbidades. Àqueles que já tinham sido imunizados com a primeira dose, se recomendou parar por ali e aplicar as duas doses somente nos com comorbidades. Em função desses aspectos todos, nós resolvemos restringir essa imunização aos adolescentes acima de 12 anos com comorbidades e aqueles privados de liberdade", disse.

Queiroga pediu que os estados e municípios sigam as recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI). "Não dá para o Ministério da Saúde se responsabilizar por condutas que são tomadas fora das recomendações sanitárias do país", afirmou.

"A vacinação que era para começar ontem (15) nos adolescentes acima de 12 anos, sabe quantos já tem vacinados no Brasil? Quase 3,5 milhões de adolescentes. Como é que nós conseguimos coordenar uma campanha nacional de imunização dessa forma?", criticou o ministro.

Erro de vacinação

Além disso, a decisão de recuar na indicação de vacinação de adolescentes sem comorbidades foi tomada diante dos eventos adversos notados pela pasta. Mas, segundo a Saúde, 93% dos eventos adversos constatados são considerados erros de imunização, quando a pessoa recebe uma vacina que não poderia receber ou quando toma uma dose de um fabricante e outra dose de outra empresa.

Ao todo, 26.777 de adolescentes receberam doses de vacinas da AstraZeneca, Janssen e CoronaVac, imunizantes que não têm autorização para serem aplicados na faixa etária. "O Ministério da Saúde pode rever sua posição desde que haja evidência científicas sólidas em relação a vacinação em adolescentes sem comorbidades. Por enquanto, por uma questão de cautela, nós temos eventos adversos aí para serem investigados. Nós temos esses adolescentes que tomaram essas vacinas que não estavam recomendadas para eles e nós precisamos acompanhar", explicou Queiroga.

Estados 

Mesmo diante da decisão do Ministério da Saúde, alguns estados afirmaram que irão continuar a vacinação dos adolescentes sem comorbidades e especialistas criticaram a decisão do governo federal, ao indicar que esta gerou confusão e insegurança. São Paulo informou que continuará vacinando os jovens de 12 a 17 anos de idade por recomendação do Comitê Científico de SP. Segundo o governo do estado, já foram imunizados cerca de 72% deste público.

"SP lamenta a decisão do Ministério da Saúde, que vai na contramão da orientação do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e de autoridades sanitárias de outros países. A vacinação nessa faixa etária já é realizada nos EUA, Chile, Canadá, Israel, França, Itália, dentre outras nações. A medida cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e famílias que esperam ver os seus filhos imunizados, além de professores que convivem com eles", diz trecho da nota do governo paulista.

Os secretários de Saúde estaduais e municipais enviaram, nesta quinta-feira (16), um ofício para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pedir um posicionamento do órgão regulador sobre a autorização do uso da vacina contra a covid-19 em jovens.

 

 

 

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