Saúde não garante doses para o reforço

Ministério joga pesado contra estados e municípios que decidiram adotar faixas de idade, vacinas e calendários diferentes daqueles estabelecidos pela pasta para a 3ª aplicação. São Paulo, por exemplo, começa a oferecê-la na segunda-feira e disponibilizará a CoronaVac

Maria Eduarda Cardim
postado em 02/09/2021 00:39
 (crédito: Walterson Rosa/MS)
(crédito: Walterson Rosa/MS)

Depois de advertir estados e municípios que não seguem as regras indicadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) para a vacinação da terceira dose contra a covid-19, o Ministério da Saúde subiu o tom e informou, ontem, que não garantirá injeções para os estados e municípios que adotarem esquemas diferentes dos que foram definidas e recomendados pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO). A pasta pretende abrir o reforço a partir do próximo dia 15.

“As alterações nas recomendações do PNO podem influenciar na segurança e eficácia das vacinas na população e podem, ainda, acarretar na falta de doses do Plano Nacional de Vacinação para completar o esquema vacinal na população brasileira”, diz a nota da pasta. Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já havia alertado que existia o risco de faltar doses de imunizantes caso cada estado seguisse as próprias regras, e não as normas indicadas pela pasta.

O ministério salienta que tem por base “evidências científicas, ampla discussão entre especialistas, cenário epidemiológico, população-alvo, disponibilidade de doses e autorização de órgãos regulatórios, como a Anvisa”. As mudanças de alguns pontos acordados com o governo federal por meio do PNI, feita por alguns estados e municípios, têm sido alvo de críticas constantes de Queiroga.

Para ele, decisões tomadas fora do programa de imunização desarrumam a vacinação contra a covid-19 no país. Entre as mais recentes críticas do ministro estão a decisão de incluir adolescentes na campanha de imunização contra o novo coronavírus e também a intercambialidade de imunizantes em grávidas, ações adotadas por alguns estados sem o aval do ministério.

A dose de reforço para idosos e imunossuprimidos passou a ser motivo de discordância entre alguns estados e a pasta — que recomenda que essa nova dose seja aplicada nos idosos com mais de 70 anos e pessoas imunossuprimidas, usando, preferencialmente, o fármaco da Pfizer (na falta, a aplicação deve ser com as da Janssen ou da AstraZeneca).

Contramão
Mas, na contramão do que preconiza o ministério, o governo de São Paulo anunciou o calendário da dose de reforço — que começa na próxima segunda-feira — e incluiu os idosos que têm entre 60 e 69 anos no grupo que receberá a dose. “A vacinação de quem tem entre 60 e 69 anos é um diferencial do estado de São Paulo e uma decisão do governo de São Paulo fundamentada na decisão do nosso comitê científico. Diferentemente daquilo que o governo federal decidiu, acima de 70 anos, São Paulo decidiu fazer essa dose adicional para pessoas acima de 60 anos”, afirmou o governador João Doria.

O estado também defende o uso da CoronaVac no reforço, ponto em que não existe acordo com o ministério. “Havendo disponibilidade de CoronaVac, que pode ser utilizada essa dose adicional, teremos mais vacinas da Pfizer para concluir três questões importantes”, ressaltou o coordenador-executivo do centro de contingência da covid-19 do estado de São Paulo, João Gabbardo.

Essas questões, segundo ele, são o adiantamento da aplicação da segunda dose, o avanço da imunização dos adolescentes — que no Brasil só podem utilizar a Pfizer — e a inclusão dos profissionais de saúde no grupo que receberia o reforço. “Sob esses aspectos, nós defendemos a possibilidade de usar todas as vacinas que estão disponíveis também como dose adicional”, salientou Gabbardo.

Brasileiro pode entrar em Portugal só com testes

O governo português liberou a entrada de turistas vindos do Brasil sem necessidade de apresentarem comprovante de vacinação. Segundo o documento, os visitantes precisarão mostrar apenas os resultados negativos de um exame PCR, realizado com 72 horas de antecedência, ou de um teste rápido, realizado 48 horas antes — crianças de até 12 anos não precisam apresentar os testes. Com as novas regras, brasileiros passam a cumprir as mesmas exigências feitas a países da União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Mas viajantes vindos da Índia, do Nepal e da África do Sul seguem com a permissão apenas para realizarem viagens essenciais ao país, sendo submetidos a quarentena de 14 dias ao desembarcar em Portugal. Porém, a medida baixada pelas autoridades de Lisboa é válida apenas até 16 de setembro e pode ser revista com base na situação
epidemiológica do país.

 

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Pesquisa: pandemia impactou mais saúde mental de jovens

Além das sequelas físicas, a covid-19 deixou também uma herança de transtornos mentais para as pessoas. Uma pesquisa realizada pela Pfizer Brasil apontou que os jovens foram o grupo etário que mais teve a saúde mental afetada pela pandemia no país. Os resultados do levantamento, divulgados ontem, mostram que 50% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos classificam a própria saúde mental como ruim (39%) ou muito ruim (11%) durante a pandemia.

De maneira geral, ao avaliar todas as faixas etárias, o número que considera a própria saúde mental ruim ou muito ruim é menor, 30%. A pesquisa foi realizada com 2 mil pessoas na cidade de São Paulo e nas regiões metropolitanas de Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.

Ao responder sobre quais sintomas característicos de transtornos mentais — como ansiedade e depressão — foram sentidos durante a pandemia, a maioria dos entrevistados (42%) citou a tristeza. Além disso, grande parte dos participantes da sondagem também indicou ter sentido insônia (38%), irritação (38%), angústia e/ou medo (36%) e crises de choro (21%).

Apesar de fatores diretamente ligados à covid-19 estarem entre os relacionados ao impacto da saúde mental nesse período, a situação financeira difícil e o acúmulo de dívidas foram citados por 23% das pessoas ouvidas como aspecto que mais impacta o bem-estar individual. Na sequência aparecem o medo de pegar covid-19 (18%) e a morte de alguém próximo (12%).

Apesar de terem sentido sintomas que são alertas para transtornos mentais, a maioria das pessoas não procurou ajuda profissional durante a pandemia. Cerca de 63% não identificaram que precisam de suporte para cuidar da saúde mental. Do outro lado, 21% chegaram a procurar auxílio profissional, sendo que 11% dessas pessoas estão em tratamento. Outros 15% não procuraram, mas acreditam que precisam de tratamento com um especialista.

Diante do avanço desse problema na sociedade, o Ministério da Saúde lançou, ontem, o curso de formação de multiplicadores em urgências e emergências em saúde mental por conta da campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio. Médicos e enfermeiros serão capacitados para realizar atendimentos de pacientes em sofrimento psíquico, quadro agravado devido à pandemia de covid-19. O objetivo é oferecer orientações técnicas sobre condutas humanizadas e terapêuticas, oferecendo “uma assistência cada vez mais adequada para os pacientes em sofrimento psíquico”. (MEC com Fernanda Strickland)

Passaporte gera conflitos

O primeiro dia de obrigatoriedade do passaporte da vacina contra covid na cidade de São Paulo mudou a rotina da maior feira de artigos para casa da América Latina. Os visitantes da Abcasa.Fair, no Expo Center Norte, zona norte, tiveram de apresentar o comprovante — digital ou impresso — antes dos protocolos sanitários.

Nem todo mundo conseguiu cumprir a exigência. Profissionais e visitantes que ainda não se vacinaram não conseguiram participar da feira. De acordo com o decreto publicado no último sábado, organizadores de shows, feiras, congressos e jogos deverão solicitar comprovante de vacinação do cidadão de pelo menos uma dose contra covid-19. O documento pode ser físico ou digital (plataformas VaciVida e ConecetSUS). A iniciativa procura evitar a disseminação da covid-19 na cidade.

Diante da dificuldade, os organizadores abriram exceções e começaram a aceitar fotos dos comprovantes de vacinação enviados pelos parentes dos frequentadores.

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