Após o adiamento do julgamento do marco temporal em demarcações de terras indígenas ser adiado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para esta semana, o acampamento formado por membros de etnias de todo o país, na Esplanada dos Ministérios, começou a ser desmontado ontem. Em seu ápice, a mobilização chegou a reunir mais de seis mil indígenas. Ontem, pelo menos cinco mil arrumaram as malas e partiram de volta para a terra de origem, restando apenas cerca de mil na capital.
As lideranças querem manter a mobilização em Brasília pelo menos até 1º de setembro, quando se espera a retomada do julgamento no Supremo. Mas os recursos financeiros e a alimentação têm sido o grande empecilho, o que levou milhares de indígenas embora. Os que restaram ficarão concentrados, agora, nos arredores do Complexo Cultural Funarte, no Eixo Monumental.
No acampamento, ontem, indígenas carregavam pedaços de madeira e levavam pertences para caminhões de mudança. Por volta das 16h, grande parte das barracas e tendas já havia sido desmontada. Em uma espécie de corredor central, um indígena portava um microfone de lapela. Enquanto um colega segurava um smartphone, o primeiro fazia um apelo, em vídeo, por doações de alimentos.
Ajuda
Kerexu Yxapyry, liderança do povo Mbya-Guarani de Santa Catarina, explicou que os organizadores esperavam que o julgamento no STF ocorresse na última semana. Com a postergação, foi necessário encontrar novas formas de manter o acampamento. Segundo ela, o acordo com o governo de Brasília foi para que os indígenas permanecessem ao lado do Teatro Nacional até este fim de semana. Por isso, há a necessidade de mudança para um outro espaço.
“Ontem (sexta-feira) conversamos com o pessoal responsável por esses espaços e a gente conseguiu a permanência até 1º de setembro no espaço da Funarte”, explicou. Ela também detalhou que a maioria dos indígenas foi embora ontem. “Do meu povo, vieram 600 pessoas. A maioria está indo embora e nós ficaremos com 150 pessoas”.
Além disso, a falta de alimentos — já que o movimento depende de doações — foi o principal motivo da retirada. “Muitas pessoas trabalham, muitos precisam se manter aqui também com alimentação, muitos têm família em casa e muitas pessoas moram longe, precisam fazer viagem de semanas. Esse é o motivo principal, a questão da alimentação. A gente está fazendo mobilizações, estamos fazendo vaquinhas entre amigos e apoiadores para nos mantermos aqui ”, disse.