PANDEMIA NO BRASIL

Aplicação da terceira dose tem data para começar: 15 de setembro

Com o avanço da Delta e a cobrança de estados e municípios, Ministério anuncia o reforço para idosos e pessoas imunossuprimidas

O Ministério da Saúde libera, a partir de 15 de setembro, imunizantes aos estados e municípios para serem aplicados como dose de reforço — a terceira aplicação — em idosos e pessoas imunossuprimidas. A medida vinha sendo cobrada por especialistas por causa do avanço da variante Delta, mas, ante a indecisão da pasta, alguns municípios já haviam anunciado mais uma injeção para os idosos, como foi o caso do Rio de Janeiro — que, aliás, tornou-se o epicentro da disseminação da nova cepa.

Quem tem mais de 70 anos deve tomar o reforço vacinal contra o novo coronavírus seis meses após a segunda dose (ou a única da Janssen). Já os imunossuprimidos tomarão o reforço pelo menos 28 dias depois de terem completado o esquema vacinal. A aplicação nos idosos seguirá ordem cronológica, do mais velho para o novo.

Ao todo, 10,9 milhões de pessoas serão atendidas até o fim de novembro, segundo o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz. “Se encaixa nesse grupo (que receberá a dose de reforço) uma população de 1,1 milhão de brasileiros até 15 de setembro. Na segunda quinzena (de setembro), soma-se mais 1,2 milhão de brasileiros. Destinaremos doses suficientes para poder imunizar essa população nesse período. Para o outubro, temos mais 7 milhões que se encaixam nesse perfil e, em novembro, 1,6 milhão”, explicou.

O secretário-executivo garantiu que há vacinas suficientes para atender a toda a população adulta, os adolescentes com comorbidades e ainda fornecer as doses de reforço necessárias aos grupos indicados.

Alerta

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, alertou, porém, que existe risco de faltar doses caso cada estado siga as próprias regras e não as indicadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Ontem, por exemplo, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que começará a aplicar o reforço a partir de 6 de setembro em idosos com mais de 60 anos, diferentemente daquilo indicado pelo ministério. O Rio de Janeiro também havia anunciado a medida sem a aquiescência do governo federal, porém ainda não fechou uma data.

Queiroga criticou estados que criam as próprias normas e defendeu a “soberania” do PNI. “Se cada um quiser criar um regime próprio, o Ministério da Saúde, lamentavelmente, não terá condição de entregar vacinas. Temos que nos unir aqui para falar a mesma língua. Se for diferente, vai faltar dose mesmo. Não vale ir para a Justiça. O direito de ir para a Justiça é um direito universal e constitucional, mas o juiz não vai assegurar dose que não existe”, disse Queiroga, alfinetando o governador de São Paulo, João Doria, que buscou o judiciário para garantir o repasse de vacinas pelo ministério, que há poucos dias estava atrasado.

O reforço deverá ser, preferencialmente, com uma dose da vacina da Pfizer/BioNTech. “Na falta desse imunizante, a alternativa deverá ser feita com as vacinas de vetor viral, Janssen ou AstraZeneca”, disse o ministério.

Anteriormente, Queiroga tinha dito que os profissionais de saúde também fariam parte do primeiro grupo para receber o reforço, mas ainda não foram incluídos. “Em relação aos profissionais de saúde, precisamos de mais evidências científicas se, realmente, há essa necessidade”, disse a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo.

A pasta solicitou à Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 uma avaliação da morbimortalidade dos trabalhadores da saúde. “Se houver a necessidade de aplicar o reforço também nos profissionais de saúde, nós o faremos”, disse Queiroga.

Diante do cenário mais positivo do fornecimento de vacinas, o ministério informou, também, que a partir de 15 de setembro será reduzido o intervalo da aplicação da segunda dose dos imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca das atuais 12 semanas para oito.

Saiba Mais

Máscara deve cair em local aberto

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, indicou, ontem, que a desobrigação do uso de máscara deve começar a ser feita apenas em ambientes abertos em um primeiro momento. Segundo ele, “a desnecessidade (da proteção) depende do cenário epidemiológico, do número de pessoas vacinadas. Em um primeiro momento, pode ser desobrigado em ambientes abertos. No segundo, essa flexibilização pode acontecer em ambientes fechados”, disse.


Atualmente, é obrigatório o uso em espaços públicos e privados durante a pandemia. Queiroga, porém, não deu uma data para que a medida seja colocada em vigor.
O ministro disse, ainda, que variante Delta é vista como um alerta nesta questão, já que alguns países voltaram a recomendar as máscaras por causa do aumento de infecções de covid-19 causados pela nova cepa — os Estados Unidos são um exemplo.


Queiroga disse que a desobrigação do equipamento está sendo estudada. Segundo ele, o ministério quer conscientizar as pessoas, em vez de multá-las. O ministro já tinha se colocado contra a obrigatoriedade da proteção em entrevista a um canal bolsonarista na internet.


“O presidente defende muito a questão das liberdades e é fortemente contra esse instinto de querer multar as pessoas. Ele defende que as pessoas sejam conscientizadas e tomem essas condutas sem a necessidade de imposição”, explicou. Jair Bolsonaro, porém, ignora o uso de máscaras e sempre que pode aparece em eventos sem a proteção individual. Por conta disso, foi multado em São Paulo e no Maranhão por não usar o equipamento e por causar aglomerações, contrariando lei estaduais.


O presidente voltou a pressionar o ministro, na última segunda-feira, para a derrubada da obrigatoriedade das máscaras, durante entrevista a uma rádio. No mesmo dia, porém, Queiroga afirmou que a decisão só sairá quando houver “condições sanitárias seguras”. (MEC)