Apesar de ainda não ter batido o martelo sobre a necessidade de uma terceira dose da vacina contra a covid-19, o Ministério da Saúde garante ter as injeções necessárias para mais uma aplicação em idosos que já completaram o esquema vacinal com duas doses do imunizante. Há a possibilidade de que sejam aplicadas já a partir de setembro, segundo a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo.
“Como iniciamos a imunização de idosos em fevereiro/março, os seis meses seriam a partir de setembro. Caso se comprove a necessidade para os idosos, como contratamos 600 milhões de doses, e a nossa população vacinável é em torno de, no máximo, 200 milhões, teríamos as doses, sim, para este grupo”, disse ela ao Correio. Segundo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19, são estimados 30,3 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Ainda não se concluiu, porém, se todos os idosos serão vacinados.
Rosana ressaltou que a decisão de aplicar uma dose de reforço continua sendo avaliada pela pasta, que vem sendo analisada com a ajuda da Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis. O ministério aguarda o resultado do estudo encomendado que investiga a necessidade de uma terceira dose de vacina para quem tomou a CoronaVac.
“Não está ainda fechada a necessidade (de terceira dose)”, disse Rosana, que não soube indicar quando os resultados da pesquisa estarão disponíveis.
Enquanto o ministério não conclui se oferece a terceira aplicação para o grupo acima dos 60 anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) que considere a “possibilidade de indicar uma dose de reforço, em caráter experimental, para grupos que receberam duas doses da CoronaVac, priorizando públicos-alvo como pacientes imunocomprometidos e idosos”.
Preparação
Na última segunda-feira, em audiência pública da comissão temporária que discute a pandemia da covid-19 do Senado (CTCovid-19), Rosana disse que já existem estudos preliminares que mostram que “determinados imunizantes” apresentam queda de proteção em pessoas de “determinadas faixas etárias”, como os mais velhos, o que preocupa o ministério. Por isso, ela indicou que a pasta já havia começado a quantificar o número de pessoas que precisariam receber um possível reforço.
Mesmo não estando decidido pelo ministério, a Anvisa busca mais informações jun to aos laboratórios sobre a necessidade do reforço. A agência realizou reunião com o laboratório americano Pfizer para discutir e solicitar os dados científicos disponíveis sobre a terceira dose, especialmente para pacientes transplantados e imunossuprimidos.
Não há, por enquanto, solicitação formal da Pfizer sobre a inclusão do reforço na bula da vacina Comirnaty. De acordo com a diretora da Anvisa responsável pela área de medicamentos e vacinas, Meiruze Freitas, a principal questão é entender se e quando as doses serão necessárias, o que pode ter impacto no esquema de imunização.
O médico infectologista Julival Ribeiro explica que o reforço é tendência no mundo inteiro. “O que estamos observando, no mundo inteiro, segundo alguns estudos, é que, com o passar do tempo, a proteção das vacinas vem caindo. Por isso, vários países, como Estados Unidos, Israel, Chile, Uruguai, e inclusive o próprio Brasil, estão indo nessa linha”, explicou.