O governador de São Paulo, João Doria, rechaçou a resposta do Ministério da Saúde sobre a entrega de vacinas contra a covid-19. Doria acusa a pasta de ter enviado apenas metade das doses do imunizante da Pfizer a que o estado tinha direito, mas a Saúde nega que exista boicote.
“Vamos reagir na forma de lei”, ameaçou o governador. Conforme disse na última quarta-feira, São Paulo recebeu “228 mil doses a menos do previsto da vacina da Pfizer” — ao todo seriam 456 mil — a afirmou no Twitter que não “aceitará boicotes do governo federal”.
“Há de se lamentar e agir judicialmente”, anunciou Doria. Ao que classificou de “medida arbitrária e sem fundamento”, o governador pontuou que “coibir, limitar, reter vacinas” contribuem com a prorrogação da pandemia da covid-19. “Isso é de uma desumanidade incomensurável, típico de um olhar de um governo negacionista”, acusou.
Em críticas à gestão do governo federal no combate à doença, ele lamentou a postura do ministro Marcelo Queiroga que, conforme disse, ao ser indicado para conduzir o ministério, “trouxe uma certa esperança por ser médico”. Doria, no entanto, acusa o ministro de ter se influenciado pelas atitudes do presidente Jair Bolsonaro. “Para o ‘Bolsonaro vírus’, não há vacina nem tratamento”.
O anúncio de medidas judiciais contra o governo federal ocorreu na madrugada de ontem, durante a entrega do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo necessário para produção da vacina da CoronaVac contra a covid-19, pelo Instituto Butantan. Segundo o governador, foram entregues 4 mil litros de insumo, o que dá suporte para a produção de 8 milhões de doses do imunizante. A produção tem previsão de começar hoje.
Doria afirmou ainda que o governo vai receber, no domingo, mais 2 milhões de doses da vacina já prontas para serem aplicadas — que serão destinadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde.
Compra suspensa
Já o governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias, anunciou ontem a suspensão da compra de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V. A decisão foi tomada após reunião com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês), responsável pelo fornecimento do imunizante.
O acordo foi suspenso, segundo o governador, por causa das condições impostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da não inclusão da vacina no PNI e da falta da licença de importação para o imunizante.