PANDEMIA

Covid-19: Pfizer vai fabricar 100 milhões de doses no Brasil

Apesar de ter sido desdenhada quando ofereceu imunizantes à Saúde, no ano passado, farmacêutica americana fecha acordo com país. Primeiras unidades devem sair em 2022. Intenção é distribuir para a América Latina

Maria Eduarda Cardim
postado em 27/08/2021 06:00
 (crédito: FRED TANNEAU)
(crédito: FRED TANNEAU)

Um ano depois de enfrentar problemas com o Ministério da Saúde para tentar fechar contratos de fornecimento de vacinas contra a covid-19, a Pfizer e a BioNTech anunciaram, ontem, um acordo com a farmacêutica brasileira Eurofarma para produzir o imunizante contra o novo coronavírus no Brasil. A capacidade de produção nacional, que deve começar no próximo ano, é de mais de 100 milhões de doses, e a ideia é distribuir para toda a América Latina. A Comirnaty (nome comercial da vacina) é a única com base na tecnologia do RNA mensageiro oferecida no país.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, atribuiu o fechamento do acordo da Pfizer com a Eurofarma à credibilidade que o Brasil desfruta junto à farmacêutica americana. Porém trata-se de uma visão otimista, que desconsidera a demora do país em responder os oferecimentos de vacina, no ano passado, que poderiam ter antecipado a imunização dos brasileiros contra o novo coronavírus. A CPI da Covid mostrou, em junho, mais de uma centena de tentativas para negociar o fármaco com o governo brasileiro foram ignoradas.

Atualmente, o país utiliza as vacinas da Pfizer no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19, mas as doses vêm prontas do exterior. Em junho, o imunizante foi incluído oficialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), o impacto econômico obtido com o uso do imunizante, juntamente com a vacina da AstraZeneca, proporcionará uma economia de até R$ 150 bilhões aos cofres públicos nos próximos cinco anos.

“Até esta semana, entregamos mais de 50 milhões de vacinas Pfizer ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). E, até o final de setembro, mais 50 milhões. E, hoje, mais um passo importante: esperamos que, por meio dessa iniciativa, possamos ampliar o nosso trabalho no combate à pandemia”, disse a presidente da Pfizer Brasil, Marta Díez.

Ambiente liberal

Em um novo momento da relação entre o país e a empresa, o ministro da Saúde ressaltou os pontos que atraíram a companhia ao Brasil. “Por que a Pfizer quis vir para o Brasil? Porque a Pfizer é inteligente e sabe que, neste país, tem um governo liberal, um governo que respeita a legislação, um governo que quer participar nas áreas fundamentais como saúde e educação, mas quer deixar a iniciativa privada trabalhar”, disse Queiroga, no evento que celebrou o acordo entre as farmacêuticas.

De acordo com o ministro, a vinda da Pfizer ao Brasil trará um novo cenário para o sistema de saúde e ampliará a capacidade de geração de emprego e renda. Ele ainda ressaltou que a aprovação da reforma tributária suscitará mais o investimento privado. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, também estava presente no anúncio e agradeceu a Pfizer pela confiança no Brasil.

“Existem diversos outros países no mundo na expectativa de sediar essa fábrica, que, em um primeiro momento, pode fabricar (vacinas) para a imunização nacional. Mas não tenho dúvida de que em pouco tempo serão distribuídas vacinas para toda a América Latina”, observou.

O Brasil já comprou 200 milhões de doses da vacina da Pfizer, que serão entregues até o final do ano. Para o próximo ano, ainda não há nenhum acordo feito entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica americana.

Mas uma nova leva de vacinas pode ser comprada diante da necessidade de aplicação de uma “dose extra” para aumentar a resposta imune de indivíduos com o esquema vacinal completo. O ministério anunciou, nesta semana, a disponibilização de dose de reforço nos idosos com mais de 70 anos e nas pessoas imunossuprimidas. O público-alvo dessa terceira aplicação, no entanto, pode aumentar.

 

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São Luís já aplica a 3ª dose


Apesar de o Ministério da Saúde ter anunciado, na última quarta-feira, que, a partir de 15 de setembro, será oferecida a terceira dose, alguns estados decidiram antecipar a aplicação de reforço. Em São Luís, começou ontem e, em São Paulo, o oferecimento do fármaco para pessoas com mais de 60 anos ocorrerá a partir do próximo dia 6. E, no Rio de Janeiro, a prefeitura estuda oferecer a injeção ainda na primeira quinzena do próximo mês.

A capital maranhense tornou-se a primeira cidade brasileira a aplicar a dose três, estado cuja cobertura vacinal, atualmente, é de 86,97%. “Começamos por aqueles que moram nas instituições de longa permanência e, ainda esta semana, vamos divulgar o calendário para os demais públicos definidos pelo Ministério da Saúde”, explicou o prefeito Eduardo Braide.

A Secretaria de Saúde do Maranhão explicou ao Correio que apenas São Luís antecipou a terceira injeção. “O município de São Luís não recebeu doses extras e orienta a todas as 217 cidades maranhenses a seguirem o Programa Nacional de Imunizações e as orientações do próprio Ministério da Saúde”, observou, em nota.

*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi

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