O relatório do do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado nesta segunda-feira (9/8), aponta que são inquestionáveis os impactos provocados pelo ser humano nas mudanças climáticas. Segundos os dados, a ação humana provocou um aumento de 1,07ºC na temperatura da terra.
"É inequívoco que a influência humana aqueceu a atmosfera, o oceano e a Terra. Ocorreram mudanças rápidas e generalizadas na atmosfera, no oceano, na criosfera e na biosfera", diz a análise. Esta é a primeira vez que o relatório quantifica o impacto da ação humana nas mudanças climáticas.
O documento aponta que o planeta pode chegar ao aumento de 1,5°C já na próxima década, antes do previsto pelo relatório anterior, caso as emissões de dióxido de carbono não sejam freadas. Dessa forma, o planeta não conseguiria cumprir a meta estabelecida durante a COP21, no Acordo de Paris. A conclusão é que não é mais possível impedir o avanço do aquecimento global nos próximos 30 anos.
Na mesma semana que a Grécia e a Califórnia sofrem com incêndios florestais sem precedentes, o relatório, intitulado Climate Change 2021: The Physical Science Basis, conclui que todas as regiões do mundo estão sendo afetadas por eventos extremos e que esses eventos vão se tornar ainda mais frequentes casos algo não seja feito. “Todas as regiões do globo já são afetadas por eventos extremos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento global”, diz.
Além disso, é ressaltado que os impactos dessas mudanças já vinha sendo avisado há anos. "Já sabemos há décadas que o mundo está esquentando, mas o relatório nos diz que mudanças recentes no clima são disseminadas, rápidas e se intensificam, de maneira sem precedentes em milhares de ano", alerta Ko Barrett, vice-presidente do painel.
Pela primeira vez, o relatório também fala sobre a necessidade de cortar as emissões de metano para conter o efeito estufa. A maior parte da produção desse gás vem da agricultura e da pecuária. “A estabilização do clima exigirá reduções fortes, rápidas e sustentadas nas emissões de gases de efeito estufa e alcançar emissões líquidas zero de CO2. Limitar outros gases de efeito estufa e poluentes do ar, especialmente o metano, pode trazer benefícios tanto para a saúde quanto para o clima ”, disse o copresidente do painel Panmao Zhai
De acordo com o WWF Brasil, o relatório traz um alerta a mais para o Brasil: a necessidade ainda maior de preservação da Amazônia, já que ela é um dos grandes sumidouros naturais de carbono do planeta.
"Certamente não precisamos de um novo relatório para nos dizer que estamos em uma emergência climática: ela já afeta milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde já pagamos mais caro pela energia elétrica, por nossa comida e estamos em sério risco hídrico por causa do clima. No Brasil, onde boa parte de nossa energia já é limpa, o desafio é zerar todo o desmatamento, que é o que nos coloca como sexto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo", diz Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.
Para o Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, os dados são um "alerta vermelho" para a humanidade. "Esse relatório precisa soar como uma sentença de morte para carvão mineral e combustíveis fósseis antes que eles destruam o nosso planeta", afirmou.
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