VIOLÊNCIA

Ossos podem ser de meninos sumidos

Uma equipe da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) foi acionada para examinar, ontem, ossos encontrados dentro de um saco plástico. Os despojos, que se assemelham a costelas, foram localizados enquanto faziam buscas em uma área próxima a uma ponte em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, onde teriam sido deixados sacos com os corpos de três meninos desaparecidos. A suspeita é de que podem ser o restos de Lucas Matheus, 8 anos, do primo dele, Alexandre, 10, e do amigo Fernando Henrique, 11 — eles saíram de casa, em 27 de dezembro de 2020, para jogar bola e não voltaram mais.

As buscas ocorrem após sete meses de investigação e foram motivadas por denúncia de um homem que foi ao Batalhão de Polícia da cidade afirmando que precisava relatar o possível envolvimento do próprio irmão no sumiço dos meninos. A recuperação dos ossos foi feita com a ajuda de bombeiros do quartel de Belford Roxo e do Grupamento de Buscas e Salvamento da corporação Não está afastada a hipótese de que sejam restos mortais de animais.

O material foi recolhido para ser analisado em um laboratório da Polícia Civil. Foram encontrados também fios de cabelo, que serão examinados — a previsão é de que o resultado seja divulgado em sete dias.

Segundo depoimento do denunciante, o irmão participou da ocultação dos corpos e teria ajudado a jogá-los da ponte de um rio, próximo da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. O homem que acusou o irmão afirmou que não tem nenhum tipo de envolvimento.

Ele contou que os meninos teriam furtado uma gaiola de passarinho de um traficante de uma região do município conhecida como Castelar — uma linha de investigação já levantada anteriormente pela polícia. Por causa disso, teriam sido presos e mortos depois de sessões espancamento. Mas as investigações também levam na direção de milícias que atuam numa feira livre local, onde as três crianças praticariam pequenos furtos.

Dez suspeitos tornaram-se réus por torturar um homem acusado injustamente pelo sumiço dos meninos — espancado e surrado a mando de traficantes locais. Entre os réus está o tio de Lucas e Alexandre, que teria atraído a pessoa para que fosse espancado pelos bandidos. Mas, para a polícia, alguns indícios vão na direção de Wiler Castro da Silva, o Estala, gerente da venda de drogas na comunidade do Castelar e apontado como suspeito do desaparecimento dos meninos.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro