O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou ontem que a redução do intervalo entre as doses da vacina da Pfizer deve ocorrer somente após a vacinação de toda a população com mais de 18 anos com pelo menos um dos imunizantes disponíveis no país. Apesar de a bula do imunizante prever um intervalo de 21 dias entre a primeira e a segunda doses, o ministério passou a recomendar a distância de 90 dias, com objetivo de vacinar mais pessoas com apenas a primeira aplicação mais rapidamente. Agora, a pasta estuda alterar a orientação.
“O (intervalo) que está na bula da Pfizer é de 21 dias. O grupo técnico do PNI (Programa Nacional de Imunização) optou por fazer um espaço mais alargado naquele primeiro momento porque queríamos avançar na primeira dose. Mas como as vacinas estão chegando, agora, em um volume maior, é possível mudar essa estratégia. Nós já fizemos várias análises e, com as entregas que temos, é possível voltar para o prazo que está no bulário”, explicou Queiroga na 11ª Reunião Virtual com os ministros da Saúde dos países do BRICS.
A alteração se deve, sobretudo, devido ao avanço da variante Delta do novo coronavírus. Na última segunda-feira, a secretária extraordinária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Rosana Leite, disse que a pasta estava avaliando a redução do período. “Provavelmente no próximo mês, com as perspectivas de vacinas, temos uma previsão de fechar agora o mês de julho com 40 milhões de vacinas, e em agosto, 63 milhões. Então, sim, nós pensaremos em reduzir esse intervalo (entre as doses da Pfizer)”, afirmou a secretária.
O médico infectologista José David Urbaez, do laboratório Exame, afirma que o tempo certo de espera entre uma dose de outra garante a resposta correta de imunização do organismo humano: “A resposta imunológica vai sendo aprimorada nas células linfoides, notadamente nos centros germinativos de linfonodos. À medida em que o espaço entre as doses é maior, a capacidade de produção de anticorpos de maior qualidade aumenta e também se verifica que o efeito de reforço se amplia. Isto é, o aumento dos anticorpos na aplicação da segunda dose é bem maior”, explicou.