São Paulo

'As crianças não aguentam mais ficar em casa', Avenida Paulista reabre

No primeiro domingo em que a via foi reaberta para o lazer, após mais de um ano desde o início da pandemia, o movimento foi intenso e houve alguns pontos de aglomeração

Do alto de suas pernas de pau, o artista circense Leonardo Carvalho, de 31 anos, tinha visão panorâmica da Avenida Paulista na manhã deste domingo, 18. "Agora, vejo um mar de gente", disse, por volta de 11 horas, enquanto olhava em direção ao Paraíso, na região central da cidade de São Paulo. No primeiro domingo em que a via foi reaberta para o lazer, após mais de um ano desde o início da pandemia, o movimento foi intenso e houve alguns pontos de aglomeração. A Prefeitura informou que vai reabrir a avenida para pedestres na manhã do próximo domingo, 25.
Artistas, ambulantes, turistas e paulistanos com saudades da avenida sem carros encheram a via. A movimentação começou tímida às 8 horas, quando a Paulista foi liberada para pedestres, conta Carvalho. Ao longo da manhã, porém, o fluxo de pessoas aumentou. Músicos tocavam MPB. As apresentações de mágica no meio da rua atraíam famílias com crianças e provocavam concentrações de pessoas.
Máscaras para distribuir e borrifador de álcool em gel nas mãos, Carvalho comemorava a contratação de artistas de circo pela Prefeitura para incentivar os cuidados contra o coronavírus na Paulista. Os vendedores também celebravam o movimento. "Para geral, fica melhor", diz Luan Bruno da Silva, de 29 anos, com uma cestinha de balas na mão.
Há um mês, Silva vende doces na avenida depois que o bar que abriu no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, teve de encerrar as atividades, em meio à pandemia. "Hoje a Paulista é minha vida." A maioria dos frequentadores usava máscaras, embora fosse possível ver um ou outro pedestre e ciclista sem. Funcionárias da Prefeitura tentavam "pescar" os descuidados para distribuir equipamentos de proteção.

Evento-teste atrai até turistas

A Paulista foi reaberta em caráter experimental e por pouco tempo - das 8 horas ao meio-dia, período considerado pela Prefeitura como de menor fluxo de pessoas. A ciclofaixa da avenida ficou aberta para uso até as 16h. Antes da pandemia, a Paulista ficava aberta das 10 horas às 18 horas, aos domingos e feriados. No próximo domingo, a via vai ser reaberta no mesmo horário.
Na Praça do Ciclista, turistas faziam fotos e vídeos para o Instagram. De Curitiba, o analista de sistemas Marco Vinícius, de 40 anos, aproveitou a viagem a trabalho para conhecer a avenida sem carros. "Está tranquilo. Um dia lindo e não tão aglomerado."
A professora Alessandra Oliveira, de 41 anos, viu as notícias da reabertura no jornal e também resolveu aproveitar o domingo ensolarado com os filhos, de 12 anos. A família, que frequentava a Paulista todos os domingos antes da pandemia, sentia falta - a mãe, da feirinha; o pai, dos artistas de rua; e os gêmeos Iago e Igor, de admirar os prédios altos e do espaço para brincar.
"As crianças não aguentam mais ficar presas em casa", diz Alessandra, que veio de Itaquera, zona leste, para a Paulista. Por volta das 11 horas, os gêmeos tentavam aproveitar a última hora da avenida sem carros para andar de skate. Para a professora, seria melhor estender o tempo de reabertura - até para diluir o público e evitar aglomerações.
Ainda segundo a Prefeitura, a reabertura ocorreu sem ocorrências ou apreensões. A gestão municipal afirma que foi possível reabrira via por causa do avanço da vacinação contra a covid-19, uma vez que mais de 70% dos moradores da capital já tomaram a 1ª dose.