O Ministério da Saúde informou, nesta quinta-feira (15/7), que já identificou 27 casos da variante delta do novo coronavírus em todo território nacional. Os pacientes estão localizados em sete estados, sendo seis no navio que esteve na costa do Maranhão; cinco no Rio de Janeiro; um em Minas Gerais; oito no Paraná; dois em Goiás; três em São Paulo e dois em Pernambuco. Apesar de a pasta informar que "os dados coletados até o momento não demonstram circulação comunitária" da cepa identificada primeiramente na Índia, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo confirmaram o avanço disseminado da variante.
Em nota, divulgada nesta quarta-feira (14), a prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), informou não foi possível identificar a origem da infecção do homem de 45 anos em que foi constatada a presença da variante delta. "Dessa forma, pode-se considerar a possibilidade de transmissão comunitária da variante no município", diz o texto.
A transmissão comunitária da variante delta na cidade de São Paulo já havia sido considerada pelo secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, durante coletiva de imprensa na última semana. “Temos uma variante que já é autóctone, ou seja, ela já está circulando no nosso meio em pessoas que não tiveram histórico de viagens ou que não tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia, e, dessa forma, temos que ter uma atenção especial”, disse.
No Rio de Janeiro, a transmissão comunitária foi confirmada ao Correio pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade. Dois casos de covid-19 foram relacionados a variante delta após sequenciamento genômico. Os casos são referentes a dois homens de 27 e 30 anos, moradores dos bairros de Vila Isabel e Paquetá.
Segundo a secretaria, cerca de 40 contatos destes dois moradores do Rio estão sendo monitorados. “Independentemente da variante, as medidas preventivas são as mesmas. A população deve manter o distanciamento, usar máscaras e higienizar as mãos com álcool 70 ou, quando possível, água e sabão”, indicou a SMS do Rio em nota.
Vacinação
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ressaltou, ainda nesta quinta-feira (15), que a campanha de vacinação é a maior aliada do Brasil contra a transmissão da nova variante. “A vacinação é a principal arma para que se evite a transmissão comunitária, não só da variante Delta, mas de qualquer outra variante. Então vamos trabalhar forte para cada vez mais acelerar a campanha de vacinação, continuar fazendo a vigilância em saúde, detectando as variantes e isolando os que estão contaminados”, disse.
O ministro, entretanto, não citou a possibilidade de reduzir o intervalo entre as doses da vacina da AstraZeneca e da Pfizer como estratégia para barrar a disseminação da delta. Alguns estados já adotaram a medida, que ainda não é recomendada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI).
O Distrito Federal, por exemplo, chegou a anunciar que iria reduzir o intervalo entre as doses da vacina da AstraZeneca, mas nesta quinta (15) voltou atrás e informou que aguarda manifestação do PNI para definir se adotará ou não a medida. A decisão de não antecipar a segunda dose foi tomada após manifestação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Desde a última semana, Queiroga critica estados e cidades que não cumprem as orientações dadas pelo PNI. “Isso (antecipação da segunda dose) é uma ação que é discutida no âmbito do Programa Nacional de Imunização com uma câmara técnica de especialistas e a base são as evidências científicas. A câmara técnica é quem vai definir qual é o melhor intervalo e o que nós queremos é que estados e municípios sigam as orientações dessa câmara técnica, porque elas são tomadas no âmbito da tripartite, onde estados e municípios estão representados”, afirmou Queiroga.
Segundo o Ministério da Saúde, entre os 27 casos da variante delta detectados no Brasil, cinco óbitos foram confirmados. Eles ocorreram nos do Maranhão (1) e Paraná (4).