Tropas das Forças Armadas passam por inspeção de equipe da Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de avaliar a preparação dos militares brasileiros para atuarem em missões de paz promovidas pela organização ao redor do mundo. A informação foi dada pelo brigadeiro Maurício Ferreira Hupalo, subchefe de Operações de Paz do Ministério da Defesa, em entrevista ao CB. Poder desta quinta-feira (15/07). O programa é uma realização do Correio Braziliense e da TV Brasília.
“Cumprimos uma etapa importante, que é a preparação técnica para um possível envio, em um futuro breve, dos nossos contingentes de tropa em uma missão de operação de paz da ONU. A visita da ONU é uma etapa fundamental, sem ela é impossível qualificar as nossas tropas para o envio em uma missão de paz”, disse o brigadeiro.
O Brasil já enviou para o exterior cerca de 57 mil militares para missões de paz da ONU. Ao todo, 72 missões foram realizadas, e o Brasil participou de 40 delas. A primeira participação brasileira em operações de paz foi na década de 50, no Batalhão de Suez, enviado ao Egito
“Das 40 missões, apenas nove foram com envio de tropa, a maioria das operações é com envio de militares que cumprem missões individuais. Obviamente, as missões com contingentes de tropa são maiores e oneram mais o país em termos de preparação”, afirmou.
O Conselho de Segurança da ONU convoca todos os países membros para concorrerem a enviar tropas a países com problemas políticos e sociais. O objetivo das operações é manter a paz para que o país possa, por conta própria, evoluir.
A maior missão de paz de tropas brasileiras foi ao Haiti, e durou 13 anos. Atualmente, não há operações naquele país, mesmo com a região passando novamente por turbulências, com o assassinato recente do presidente Jovenel Moise.
“Não tem como não deixar uma tristeza na gente, depois desse tempo todo. Colocamos ali mais de 30 mil militares, chegamos a ter, ao mesmo tempo, 2.000 militares deslocados. Essa foi, de longe, nossa maior missão de paz. Todos os forces commanders foram brasileiros. O force commander é o comandante de toda missão, todos eles foram brasileiros. Colocamos lá muita energia. Chegou o momento de saímos do país, e é a ONU que decide qual é esse momento. Esperávamos que o Haiti pudesse caminhar com as próprias pernas, mas houve essa involução, que se espera que seja temporária”, disse o brigadeiro.
No momento, não estão previstas novas missões de paz no Haiti, mas, segundo Maurício Ferreira Hupalo, o Ministério da Defesa prepara tropas para ficarem em condições de serem enviadas para possíveis operações quando necessário. Ele não descarta a possibilidade de uma nova operação no Haiti.
“A missão do Haiti foi a mais complexa, até pelo nosso envolvimento muito grande, pelos comandantes serem sempre brasileiro. Tivemos agora a Unifil, nossa última missão de paz com envio de tropa, foi no Líbano, com a participação da força tarefa marítima, que também foi bastante importante. As tropas regressaram em dezembro de 2020. Uma característica interessante dessa missão é que foi a primeira missão de paz da ONU com envio de uma força tarefa marítima. A Marinha criou um centro de treinamento para operações de paz de caráter naval especifico para preparação para essa missão”, explicou.
*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo