VIOLÊNCIA

Artistas criticam adeptos de DJ que espancou ex-mulher

Depois da divulgação dos vídeos que flagraram as agressões cometidas por Iverson de Souza Araújo, o DJ Ivis, contra a ex-mulher, a arquiteta e influenciadora digital Pamella Holanda, as redes sociais dos dois deram um salto em número de seguidores. No caso dele, o perfil no Instagram saiu de aproximadamente 730 mil para 967 mil, na manhã de ontem. Já em relação a ela, passou dos 2 milhões de curiosos.

O aumento no número de seguidores do DJ foi duramente criticado por outros artistas. Uma das mais indignadas era a funkeira Pocah. “Tem provas em vídeo que o cara espancou a mulher e o cara tá lá ganhando seguidores!!! A primeira vez que vi hoje tinha 700 e poucos mil. Inacreditável!”. O apresentador Danilo Gentili, as cantoras Marília Mendonça e Valesca Popozuda, entre outros, condenaram o agressor. A explicação para a disparada no número de pessoas acompanhando o caso seria a curiosidade em torno da vida pessoal do casal e o acesso às cenas de agressão.

Os vídeos foram gerados pelas câmeras de segurança do apartamento onde moravam, em Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza. As imagens, que mostram socos, tapas e puxões de cabelo, foram divulgadas por Pamella nas redes sociais no último domingo. Em entrevista ontem, ela disse que vinha sendo agredida por Ivis desde a gravidez.

Conforme o relato de Pamella, pessoas próximas eram coniventes com a violência, não interferiam e diziam que ela deveria ser submissa ao então companheiro. “Eu me calei por muito tempo! Eu sofria sozinha com a minha filha, sem apoio até dos que diziam estar ali para ajudar, que eram coniventes e presenciavam tudo calados (...) Não se calem jamais!”, diz um trecho de uma mensagem divulgada por Pamella no Instagram.

Desligamento
Após a divulgação do caso, o DJ foi desligado da produtora Vybbe. O anúncio foi feito pelo cantor Xand Avião, sócio da empresa. “Não admito e nem compactuo com nenhum tipo de violência. Nada justifica uma violência, ainda mais contra uma mulher”, declarou Xand.

Pamella recebeu o apoio de autoridades locais, como o governador do Ceará, Camilo Santana, e o prefeito de Fortaleza, Sarto Nogueira. O governador pediu que a polícia dê uma resposta rápida e efetiva ao caso e que a Secretaria de Proteção Social, por meio da Casa da Mulher Brasileira, atue de imediato para ajudar e apoiar a vítima.

Já o prefeito da capital cearense prestou solidariedade a Pamella e também a todas as mulheres vítimas de violência doméstica. Nogueira determinou ainda que o Secretário de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Claudio Pinho, acompanhe o caso e ofereça assistência.

A juíza Maria José Rosado de Alencar negou o pedido dos advogados do DJ para que Pamella fosse impedida de falar sobre o caso com a imprensa e retirasse os vídeos publicados na internet. A intenção de Ivis era de que ela se abstivesse de falar com a imprensa sobre questões cíveis e criminais, incluindo assuntos que envolvam a filha que os dois têm juntos, mas a magistrada entendeu que o pedido fere o direito constitucional de liberdade de expressão.

A Polícia Civil do Ceará instaurou inquérito para investigar o caso de lesão corporal no âmbito de violência doméstica, registrado em 3 de julho — mas as agressões ocorreram no dia 1º, o que desconfigura o flagrante. Segundo os investigadores, as imagens não tinham sido apresentadas anteriormente.

Em suas redes sociais, Ivis tentou se defender ao expôr um boletim de ocorrência contra Pamella, de 13 de março, alegando chantagem e agressões. E disse que os vídeos foram editados. “Sempre tentei fazer de tudo para que isso não chegasse a esse extremo. Nada vai justificar a reação que eu tive, mas eu não aguentei mais ameaças”, disse.