Com a confirmação de um caso da variante Delta na cidade de São Paulo, no início desta semana, o governo paulista confirmou, ontem, que a cepa primeiramente detectada na Índia possui transmissão comunitária na capital. Isso porque foi verificada a circulação da mutação entre pessoas que não viajaram para o exterior e, portanto, não é possível rastrear a origem dos casos. Com isso, o estado de São Paulo estuda encurtar o prazo entre a primeira e a segunda dose de algumas vacinas para tentar completar o esquema de imunização do maior número de pessoas possível.
“Temos uma variante que já é autóctone, ou seja, ela já está circulando no nosso meio em pessoas que não tiveram histórico de viagens ou que não tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia. Dessa forma, temos que ter uma atenção especial”, alertou o secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn.
Para enfrentar a Delta, considerada “preocupante” e “perigosa” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo estadual estuda diminuir o prazo entre a primeira e a segunda dose de vacinas da AstraZeneca e da Pfizer, que precisam de três meses entre uma aplicação e outra. Segundo Gorinchteyn, a diminuição do prazo será debatida, hoje, em reunião sobre o Plano Estadual de Imunização.
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Alinhamento
No entanto, o secretário explicou que, para a mudança ocorrer, é importante garantir mais doses dos imunizantes. Além disso, qualquer decisão estadual precisará estar alinhada com o Ministério da Saúde. “Se não tivermos esse alento dado pela chancela e liberação do próprio ministério, que coordena o Programa Nacional de Imunização (PNI), por mais que essa decisão aconteça, ela operacionalmente terá entraves”, disse.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, acredita que a redução do prazo deve ser avaliada como uma resposta à transmissão da Delta. Conforme disse, apesar de ter sido levantada uma possibilidade de as vacinas não responderem à variante de uma maneira geral, “o fato de ter a imunidade completa ajuda substancialmente”.
Em relação à CoronaVac, não há a preocupação de encurtar o intervalo entre doses, já que o período é mais curto, sendo de 28 dias. “Você completa a imunização mais rapidamente quando comparado com as vacinas que têm intervalo de três meses”, explicou o diretor do Butantan. Covas ainda afirmou que em testes de laboratório, a CoronaVac demonstrou “uma resposta adequada” contra a Delta.
E mais uma vacina pode se juntar à guerra contra a pandemia: a Butanvac. Ontem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início da vacinação de voluntários do estudo clínico do imunizante. A autarquia havia autorizado os testes em humanos em 9 de junho, mas ainda havia informações pendentes para que a aplicação da vacina pudesse ser feita nos voluntários.