A Universidade de São Paulo (USP) investiga, atualmente, 193 denúncias de fraudes no sistema de cotas raciais. Candidatos a vagas na USP são suspeitos de ter mentido na autodeclaração para pretos, pardos e indígenas entre 2017 e 2021.
Segundo a Pró-Reitoria de Graduação da USP, a maior parte das denúncias (161) é de estudantes que ingressaram pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação, e as demais (32) são por ingresso diretamente pelo vestibular da Fuvest.
As denúncias são apuradas pelas comissões de averiguação de invalidação de matrículas. São oito grupos formados por três professores da universidade dos quais pelo menos um é negro.
No período de 2017 a 2021, foram recebidas 381 denúncias de fraude. Dessas, 160 foram descartadas e 27 não tiveram andamento porque os próprios alunos cancelaram a matrícula. Em 2020, uma matrícula no curso de relações internacionais foi invalidada por fraude nas cotas.
Ao longo de todo o ano passado, foram recebidas 81 denúncias de fraude. Neste ano, já foram levantadas oito suspeitas.
A reserva de vagas para ingresso de estudantes de escolas públicas e de autodeclarados negros e indígenas foi aprovada em 2017 e passou a vigorar em 2018. Antes, havia apenas indiretamente as cotas a partir do percentual de vagas reservadas pelo ingresso pelo Sisu, que também teve a importância ampliada no sistema naquele ano.
De acordo com a pró-reitoria, a USP alcançou em 2021 o número recorde de 51,7% de alunos matriculados vindos de escolas públicas. Entre estes, 44,1% são pretos, pardos e indígenas. No ingresso neste ano, das quase 11 mil vagas preenchidas nos cursos da instituição, 5,6 mil foram destinadas a estudantes de escolas públicas, sendo 2,5 mil negros ou indígenas.