ENTREVISTA

Integração é a chave do sucesso contra o tráfico, diz ministro da Justiça

Em entrevista ao Correio, Anderson Torres pontou como frear a atividade dos criminosos no país

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, considera que o tráfico de drogas abre a porta para vários outros tipos de crimes, como, por exemplo, lavagem de dinheiro, homicídios e latrocínios. Por isso, as forças de segurança não podem transigir no combate às quadrilhas organizadas e o trabalho de integração entre o governo federal e os das 27 unidades da Federação é fundamental para frear a atuação dos criminosos. A intensificação desse trabalho conjunto, aliás, deve ser estendido aos países vizinhos do Brasil, uma vez que o país tem fronteiras permeáveis e somente atuando em parceria é que se obtém bons resultados.

O Brasil, hoje, é fornecedor ou é um corredor de drogas no mercado mundial?

O Brasil é um país continental, com desafios imensos, entre eles o controle das nossas fronteiras. A maior parte da droga, como cocaína e maconha, vem dos países vizinhos e tem como destino a Europa. Por isso, a necessidade de ações de combate ao crime organizado nas fronteiras, nos portos, para impedir que o Brasil vire uma via fácil para o narcotráfico. Nesse sentido, o Ministério tem uma série de ações, entre elas a Operação Horus, que une forças federais e estaduais, no combate aos ilícitos nas fronteiras e divisas.

O que difere a Operação Narco Brasil das demais ações antidrogas?

É a primeira operação que ocorre em todo o território nacional, integrando todas as polícias civis e militares, trabalhando sincronizadas em um mesmo esforço. Essa integração e coordenação é de responsabilidade do Ministério, conforme determina o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). O engajamento de todos os profissionais dos estados e do Distrito Federal na operação fez com que alcançássemos resultados expressivos e inéditos, com mais de 12 mil prisões.

Como estreitar a cooperação com outros países da América Latina?

Não é possível combater o crime organizado sem cooperação e colaboração com outros países, em especial da América Latina. É fundamental o intercâmbio de informações, de provas, de trabalhos conjuntos para que a gente possa, efetivamente, combater o crime organizado transnacional. Não só a Polícia Federal está atenta a essa questão, como os demais órgãos do Ministério que trabalham com cooperação internacional têm fortalecido essa aproximação com outros países para o combate ao crime, em especial nas fronteiras. Recentemente, assinamos um acordo com o Paraguai para fortalecer o intercâmbio de informações entre as nossas polícias.

A descriminalização das drogas poderia contribuir para diminuir o tráfico?

Enquanto atuei na coordenação-geral de Repressão de Entorpecentes da Polícia Federal, vi o tanto de pessoas sofrendo com isso, famílias sendo destruídas. A gente sabe que esse é um crime-mãe de tantos outros que ocorrem. Precisamos encarar o problema das drogas em muitas frentes: prevenção, repressão e descapitalização das organizações criminosas que lucram com a destruição causada pelas drogas. Hoje, o governo federal está fechando o cerco contra o crime organizado e usando os recursos do tráfico em investimentos nas próprias forças de segurança pública.