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Frio histórico: o que se sabe sobre as 3 pessoas que morreram nas madrugadas mais geladas em 5 anos em SP

Madrugada da última sexta-feira foi a mais fria dos últimos 5 anos, com termômetros marcando 4,3ºC no mirante de Santana, na zona norte

BBC
BBC Geral
postado em 31/07/2021 16:55

A drástica queda de temperaturas em São Paulo tem sido duramente sentida por quem vive nas ruas da maior cidade do país. A madrugada de sexta-feira (30/7) foi a mais fria dos últimos 5 anos, com termômetros marcando 4,3ºC no mirante de Santana, na zona norte.

Nos últimos três dias, ao menos três mortes foram registradas pelas equipes que acompanham estas pessoas, informa à BBC News Brasil o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua.

Às 23h de quarta-feira (28/7), um homem de 65 anos foi encontrado morto na rua Araguaia, no bairro do Pari, no centro de São Paulo, informou a Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Na quinta-feira (29/7), uma das vítimas, segundo Júlio Lancellotti, era um homem que morreu na Vila Prudente, bairro da zona leste da capital.

Nesta sexta-feira, um homem de 37 anos também foi encontrado morto na Bela Vista, também no centro da capital paulista.

"Contudo, é importante esclarecer que não há como confirmar se a vítima era morador de rua, já que trabalhava na região", diz a nota da secretaria.

"Policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e no local encontraram uma viatura do Samu (de atendimento a emergências) que realizava o atendimento à vítima, constatando o óbito." Os três casos serão investigados como "morte suspeita".

O padre Júlio Lancellotti diz que não há dúvidas, pelas informações disponíveis, de que as três mortes foram decorrentes do frio intenso. Embora a hipotermia em si não seja necessariamente a causa de um óbito, ela potencializa problemas como infartos ou outros males de saúde prévios, diz o padre.

Frio recorde

Meteorologistas de diversos órgãos anunciaram que a chegada de uma forte massa de ar polar no país começou a causar uma queda histórica nas temperaturas em todas as regiões do Brasil.

A previsão é de que as temperaturas historicamente geladas se repitam nos próximos dias, despertando preocupação entre quem dá assistência às populações de rua.

Termômetro marcando 5°C na região da av Paulista, em 28 de julho
Roberto Parizotti
Termômetro marcando 5°C na região da av Paulista, em 28 de julho; frio deve se manter na madrugada de sexta

"(Na noite de quarta) tivemos mais de 50 agentes da Pastoral circulando pela cidade (para dar assistência aos moradores de rua), e vão estar nas ruas nesta noite também", diz Lancellotti.

A Paróquia de São Miguel Arcanjo, onde ele é pároco, abrigou 20 pessoas na última noite. A estação Dom Pedro 2º do metrô paulista, que pela primeira vez foi aberta para acolher moradores de rua, recebeu outras 50 pessoas.

Segundo Lancellotti, o local tem espaço para 400 pessoas, "mas ainda é uma coisa nova para uma população que geralmente sequer pode entrar no metrô", então a expectativa é de aumentar a ocupação do local à medida que ele se torne mais familiar aos moradores de rua.

O Centro de Convivência São Martinho, na região do Belenzinho (Centro), abriu mais 40 vagas na última noite.

Diversas organizações se mobilizaram para ajudar a população desassistida neste período de frio histórico.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social do governo paulista afirmou ter entregue, na manhã de quinta, 7,5 mil cobertores, mil sacos de dormir e 2 mil pares de meias para entidades, a serem distribuídas à população de rua.


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