SAÚDE

Terceira dose: Oxford liderará pesquisa com vacinas da Pfizer, AstraZeneca e Janssen

O estudo está previsto para ser iniciado na próxima semana e será realizado em parceria com a Universidade de Oxford

Victória Olímpio
Gabriela Bernardes*
postado em 29/07/2021 06:00
Pesquisa que será conduzida por Oxford fará aplicações adicionais das vacinas da Pfizer, da AstraZeneca e da Janssen -  (crédito: Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)
Pesquisa que será conduzida por Oxford fará aplicações adicionais das vacinas da Pfizer, da AstraZeneca e da Janssen - (crédito: Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)

O governo começará uma pesquisa para avaliar a necessidade de uma possível terceira dose da vacina CoronaVac contra a covid-19. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante a 11ª Reunião Virtual com os ministros da Saúde dos países do BRICS — que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O estudo está previsto para ser iniciado na próxima semana e será realizado em parceria com a Universidade de Oxford. O levantamento contará com 1.200 participantes, moradores de São Paulo e Salvador, que já tomaram as duas doses da vacina fabricada pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. “Temos que fazer pesquisas para ter respostas para conduzir o nosso PNI (Programa Nacional de Imunização). O presidente Bolsonaro tem afirmado isso desde sempre: fazer pesquisas não só com vacinas, mas com perspectivas terapêuticas, e que as decisões sejam tomadas com base na ciência”, disse Queiroga.

Sue Ann Clemens, professora da Universidade de Oxford responsável pelo estudo, explicou que também será aplicada doses de reforço de outros imunizantes: “Vacinaremos pessoas que já tenham tomado as duas doses da CoronaVac, seis meses depois da segunda, em quatro grupos: um com reforço da CoronaVac, outros com Janssen, Pfizer e AstraZeneca. A ideia é que possamos gerar dados para que o Ministério da Saúde implemente uma nova estratégia de vacinação, caso seja necessária, ainda no final deste ano”, explicou.

A pesquisa é um pedido do ministério à Universidade de Oxford, que, aqui no Brasil, contará com a parceria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e do Hospital São Rafael, da Rede D’Or, em Salvador. “Existem estudos que já mostram que a proteção (da CoronaVac) começa a cair com seis meses”, acrescentou a pesquisadora.

Primeiro imunizante contra a covid-19 disponível no Brasil, a CoronaVac foi aplicada em aproximadamente 37,8% dos vacinados no país, perdendo apenas para a AstraZeneca, com 48,1%, de acordo com dados do ministério. “Aqueles brasileiros que logo no começo da campanha fizeram o uso da CoronaVac, vamos agora fazer um estudo para avaliar a terceira dose ou dos outros três imunizantes do PNI”, disse Queiroga.

No início do ano, um estudo clínico feito no Brasil mostrou que a CoronaVac tem eficácia geral de 50,38%, número que está acima dos 50% requeridos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para considerar uma vacina viável. Em outro levantamento, o imunizante mostrou-se 78% eficaz contra casos leves, em que pacientes precisaram de alguma assistência clínica, e 100% eficaz contra casos graves e que levam à internação e contra mortes causadas pela covid-19.

Um estudo feito pelo Butantan com a vacina em Serrana (SP) mostrou que a vacinação em massa da população adulta do município levou a uma redução de 95% das mortes, de 86% nas internações causadas pela doença e de 80% nos casos sintomáticos. Após a experiência, que terminou em abril, a cidade continua com queda no número de casos e de mortes pelo novo coronavírus. Em julho, o município registrou apenas uma morte por covid-19.

* Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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