Pela terceira semana consecutiva, o Brasil registrou queda na taxa de transmissão do novo coronavírus. Segundo levantamento do Imperial College, de Londres, a taxa (Rt) desceu a 0,88, conforme dados referentes até a última segunda-feira, e é a menor desde novembro de 2020. O índice representa a quantidade de pessoas que podem se infectar a partir de uma outra pessoa que contraiu a covid-19 — indica que 100 cidadãos poderiam passar para outros 88.
Na última parcial, o Imperial College divulgou que a taxa de transmissão tinha ficado em 0,91, na semana do dia 5 de julho. E, antes, esse índice era de 0,98. “O motivo da queda é claro: vacinação. Quanto mais ela avança, menos o vírus encontra pessoas suscetíveis para infectar, e essa taxa de transmissão vai caindo. É nítido que quanto maior é a proporção de vacinados, menor a circulação do agente infeccioso”, explicou Luís Gustavo Santos, infectologista do EuSaúde.
Para o pesquisador, mesmo com esses índices diminuindo semanalmente, não se deve ignorar as medidas de prevenção, como uso de máscara e distanciamento social. Ele afirma que com a vacinação dos mais jovens, a tendência é que essa taxa medida pelo Imperial College continue apresentando números decrescentes.
“É preciso continuar com o distanciamento social possível, o uso de máscara, higienização de mãos, tudo na mesma toada, até a imunização de cerca de 70%, 75% da população, que é quando a gente espera que o vírus seja suprimido”, observou.
As precauções devem ser seguidas sobretudo por causa do surgimento de novas cepas, quase todas circulando no Brasil. Segundo o virologista e professor do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB), Bergmann Ribeiro, as mutações proporcionaram ao vírus a capacidade de se ligar mais facilmente às células humanas e, consequentemente, invadi-las. Ele explica que os novos patógenos são menos conhecidos dos anticorpos neutralizantes do corpo humano ou por aqueles induzidos a partir da vacinação.
“Isso não significa que as vacinas não sejam eficientes. São, mas em menor grau, pois houve modificação genética fazendo com que os anticorpos produzidos pelos imunizantes, por exemplo, ou pelas variantes antigas, não neutralizem (as novas cepas) totalmente”, observou.
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Intervalo das doses
Após reunião com governadores, ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que o ministério vai discutir com estados e municípios uma orientação nacional sobre a possibilidade de redução do intervalo entre a primeira e a segunda dose de vacinas contra a covid-19.
Durante o encontro, Queiroga criticou gestores locais que têm anunciado, isoladamente, diminuições no tempo entre as duas aplicações da AstraZeneca e da Pfizer para aumentar a segurança contra a variante Delta do novo coronavírus.
“Alguns secretários tomam deliberações baseados, naturalmente, no entendimento deles, e que isso, de uma certa maneira, rompe o pacto que foi tratado no PNI (Programa Nacional de Imunização). Então, a decisão que nós tomamos hoje é que se mantenha a higidez do PNI. De nada adianta essas discussões em redes sociais, que ‘fulano de tal fez isso’, ‘fulano de tal fez aquilo’. Isso não resolve”, reforçou Queiroga.
O ministro também ressaltou que ainda não está cientificamente comprovada a eficácia da redução do tempo entre doses da vacina contra as novas cepas do novo coronavírus. “Quais são as evidências de que temos uma progressão da variante Delta no Brasil? Não temos. No entanto, nós não devemos esquecer que, não só a variante Delta, como outras variantes, podem surgir. A AstraZeneca: se fala em reduzir o prazo de aplicação. Os pesquisadores de Oxford falam que se alargar o período de aplicação entre a primeira e a segunda dose isso poderia ter um cenário mais favorável”, afirmou o ministro.
*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi
País tem quatro tipos de Variantes de Preocupação
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há quatro tipos classificados como Variantes de Preocupação: Alfa (britânica), Beta (sul-africana), Gamma ou P.1 (brasileira) e Delta (indiana). No Brasil, as cepas predominantes são a P.1 e, agora, a Delta. São Paulo já confirmou que a nova cepa circula entre pessoas que não viajaram para o exterior, o que indica a chamada infecção comunitária — quando não se sabe mais a origem do vírus. Mais recentemente, o Instituto Adolfo Lutz conseguiu isolar uma variante de interesse originária da Colômbia, encontrada em duas amostras coletadas de pessoas envolvidas na realização da Copa América — que se encerrou no último sábado —, que testaram positivamente para a infecção pelo novo coronavírus.
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