Após confirmar um caso na cidade de São Paulo esta semana, o governo paulista confirmou nesta quarta-feira (7/7) que a variante delta já possui transmissão comunitária na capital — quando não é possível identificar o contactante inicial que veio do exterior e contaminou outras pessoas. Com isso, o estado de São Paulo considera encurtar o prazo entre a primeira e a segunda dose de algumas vacinas para tentar completar o esquema vacinal do maior número de pessoas possível.
"Temos uma variante que já é autóctone, ou seja, ela já está circulando no nosso meio em pessoas que não tiveram histórico de viagens ou que não tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia, e, dessa forma, temos que ter uma atenção especial", disse o secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, durante coletiva de imprensa.
Para enfrentar a variante, originária da Índia e considerada "preocupante" e "perigosa" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo estadual estuda diminuir o prazo entre a primeira e a segunda dose de vacinas da AstraZeneca e da Pfizer, que precisam de 3 meses entre uma dose e outra. Segundo Gorinchteyn, a diminuição do prazo será debatida nesta quinta (8) em reunião sobre o Plano Estadual de Imunização do estado.
No entanto, o secretário explicou que, para a mudança ocorrer, é importante garantir mais doses dos imunizantes. Além disso, qualquer decisão estadual precisará estar alinhada com o Ministério da Saúde. “Se não tivermos esse alento dado pela chancela e liberação do próprio Ministério da Saúde, que coordena o Programa Nacional de Imunização (PNI), por mais que essa decisão aconteça, ela operacionalmente terá entraves", disse.
"Imunidade completa"
O diretor do Butantan, Dimas Covas, acredita que a redução do prazo deve ser avaliada como uma maneira de resposta à transmissão da delta. Segundo ele, apesar de ter sido levantada uma possibilidade das vacinas não responderem à variante delta de uma maneira geral, “o fato de ter a imunidade completa ajuda substancialmente".
"As vacinas que têm duas doses só completam a imunidade após a segunda dose. [...] Essas vacinas que têm intervalo de três meses, obviamente que você só vai completar a imunidade passados quase quatro meses da primeira dose. Então, sem dúvida, a possibilidade de antecipação da segunda dose para essas vacinas deve ser considerada, sim", afirmou Dimas Covas.
Em relação à CoronaVac, não há a preocupação de encurtar o intervalo entre doses, já que o período é de 28 dias. “Você completa a imunização mais rapidamente quando comparado com as vacinas que têm intervalo de três meses", explicou o diretor do Butantan.
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