CORONAVÍRUS

Luz no fim do túnel: vacinação faz cair taxa de transmissão no Brasil

Dados coletados pelo Imperial College mostram que índice atingiu o menor patamar em sete semanas e impactou na média móvel. Para especialistas e Ministério da Saúde, resultado foi obtido por meio do avanço da imunização da população contra a covid-19

Maria Eduarda Cardim
 Gabriela Bernardes*
postado em 07/07/2021 06:00
 (crédito: editoria de ilustração)
(crédito: editoria de ilustração)

Ainda com um patamar alto de notificações diárias do novo coronavírus, o Brasil começa a enxergar uma luz no fim do túnel no controle da pandemia da covid-19, ao ver alguns indicadores demonstrarem uma melhora. Um deles é a taxa de transmissão que, ontem, segundo levantamento do Imperial College, de Londres, atingiu o menor índice em sete semanas. O avanço na contenção do vírus é acompanhado da queda da média móvel de casos e óbitos. Para os especialistas e autoridades, essas diminuições de índices são um primeiro sinal dos efeitos da vacinação, que acelerou no país no último mês.

Segundo dados do Imperial College, os níveis de transmissão do novo coronavírus caíram para 0,91 no país nesta primeira semana de julho, o que significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 91. Na semana passada, esse índice era de 0,98. Dentro da margem de erro calculada, o Rt brasileiro atual pode variar de 0,88 a 0,95. O número atual é o menor em sete semanas.

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A taxa de 0,91 aponta, ainda, para uma situação considerada controlada, já que está abaixo de 1, índice considerado de descontrole. No entanto, para se manter baixo e indicar um avanço contra a pandemia da covid-19, precisa estar alinhado com outros elementos, como números de novos casos e óbitos, taxa de ocupação de leitos, e dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

O cenário de queda das taxas também é visto quando se observa a média móvel de mortes e casos da covid-19 no país. Com os números diários dos últimos dias, a média dos últimos sete dias tem diminuído. Segundo a análise do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), essa variação está em 48.816 infecções e 1.558 mortes. Desde 23 de fevereiro, o país não registrava uma média móvel de casos menor do que 49 mil. Ao se observar a de óbitos, desde 9 de março o Brasil não via algo abaixo de 1600 mortes.

Cenário positivo

Os números demonstram uma melhora do cenário pandêmico brasileiro e, segundo especialistas, esse progresso pode ser observado como um primeiro sinal dos efeitos positivos da vacinação. O ponto foi ressaltado, ontem, pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

No último mês, o país conseguiu ganhar ritmo e avançar na imunização. Apesar disso, até o momento, segundo dados do Ministério da Saúde, somente 28,1 milhões de pessoas estão totalmente vacinadas com as duas doses ou com a vacina da Janssen de dose única. Representa cerca de 17,7% dos brasileiros com mais de 18 anos, a população considerada vacinável.

Apesar de ainda estar longe da meta, a epidemiologista Ethel Maciel, pós-doutora pela Universidade Johns Hopkins e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), também acredita que são as vacinas que estão fazendo efeito e demonstrando os benefícios para a sociedade. A especialista, entretanto, afirma que o país não pode se descuidar das demais medidas de prevenção.

* Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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Anvisa libera estudo para vacina francesa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, ontem, o estudo clínico da vacina do laboratório francês Sanofi Pasteur contra a covid-19. Serão desenvolvidas no Brasil as fases 1 e 2, nas quais são testadas a segurança e a dosagem ideal para garantir proteção com o imunizante. Segundo a autarquia, o estudo deve contar com a participação de 150 voluntários no Brasil, que serão selecionados em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.

“O objetivo do estudo é testar três diferentes dosagens da vacina para definir a dose ideal antes de prosseguir para um estudo de fase III. O estudo prevê a aplicação de duas doses com 21 dias de intervalo”, explicou a Anvisa. Porém, para a realização do estudo clínico do imunizante, ainda é necessário a aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.

E quase um mês após a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) avaliar e aprovar as Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19, que não incluem medicamentos como cloroquina, ivermectina e azitromicina, o Ministério da Saúde convocou uma audiência pública para “levantar mais subsídios” para decidir se incorpora a diretriz ao Sistema Único de Saúde (SUS). A audiência pública para debater as diretrizes para tratamento hospitalar de casos de covid-19 será amanhã.

Apesar de estar previsto em lei a realização de uma nova audiência pública após deliberação final da Conitec, não é comum que a pasta faça uso desse mecanismo, segundo apurado pelo Correio. Em avaliação final, a Comissão só recomendou o uso de duas medicações para pacientes hospitalizados com covid-19 e não recomendou os medicamentos do chamado “kit covid” — como a cloroquina e a ivermectina no tratamento hospitalar da doença. A mesma indicação já havia sido feita na avaliação inicial da comissão.

“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: azitromicina, cloroquina ou hidroxicloroquina, colchicina, lopinavir + ritonavir e plasma convalescente”, diz a diretriz da Conitec. (MEC)

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