O Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig) e Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) promovem, este mês, a campanha Julho Amarelo, pela conscientização sobre as hepatites virais. A ação intitulada de “Não Vamos Deixar Ninguém Para Trás” tem como objetivo incentivar o diagnóstico e o encaminhamento para tratamento de pessoas portadoras do vírus B e C. O Ibrafig segue a meta defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) de eliminar a doença até 2030.
“O lema de ‘não deixar ninguém para trás’ visa direcionar o olhar de todos nós — cidadãos, gestores e profissionais de saúde — para os grupos vulneráveis com óbvias barreiras para testagem e tratamento, tais como as pessoas em situação de rua, privadas de liberdade e com dependência química ou com consumo abusivo de álcool”, explicou Paulo Bittencourt, presidente do Ibrafig.
Como as hepatites são doenças silenciosas, a campanha nacional ressalta a importância da testagem precoce, pois o agravamento do quadro pode levar a outras doenças, como câncer de fígado e cirrose. Por conta disso, foi criada uma central de informações e monitoramento que indica pontos de testagem gratuitos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Reforçamos que todo mundo no Brasil, com idade acima de 40 anos, tem risco de ter a doença e deve ser testado ao menos uma vez na vida”, acrescentou Bittencourt.
Segundo a Opas, cerca de 1 milhão de pessoas morrem por ano no mundo devido às hepatites virais e 3 milhões de pessoas são infectadas anualmente. No Brasil, segundo dados da Ibrafig, aproximadamente 1 milhão de pessoas têm a doença e não sabem que são portadoras — as do tipo B e C são responsáveis por cerca de 74% dos casos no país e somente a C corresponde a 76% das mortes.
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Formas de transmissão
A principal forma de transmissão da hepatite C é o compartilhamento de objetos perfurocortantes. Segundo Bittencourt, no passado as pessoas contraíram a doença na manicure, na pedicure, na barbearia, fazendo tatuagem ou usando seringas e agulhas não descartáveis.
“Mas é importante ressaltar que muita gente, ainda hoje, compartilha esses objetos com outras pessoas, ou não se preocupa se os locais que frequenta para tais serviços seguem as normas de esterilização recomendadas pela vigilância sanitária. É também frequente, ainda, o uso compartilhado de agulhas e seringas por usuários de drogas ilícitas. Daí a importância da informação para prevenir as hepatites virais”, afirmou.
A hepatologista do Hospital Brasília Natália Trevizoli disse que “existe vacina para a hepatite B, e existem medicamentos que promovem cura no caso da C e controle da infecção no caso da B, mas, sem dúvida, as medidas de prevenção são extremamente importantes”. Ela lembrou que outra consequência do tipo C é a possibilidade de se chegar ao transplante de fígado. “Cerca de 20% dos infectados se curam espontaneamente, mas os 80% restantes evoluem para uma infecção crônica que leva até 20 anos para se manifestar. O vírus provoca um processo inflamatório no fígado, que pode causar danos sérios antes de ser detectado, podendo culminar com cirrose hepática e câncer de fígado”, disse.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
Quem deve fazer o teste
» Pessoas com idade igual ou superior a 40 anos; que receberam transfusões de sangue ou transplantes de órgãos antes de 1993; usuárias de drogas injetáveis; que compartilham agulhas injetáveis; que fizeram tatuagens, escarificação ou colocaram piercings sem controle sanitário; infectadas pelo HIV ou com parceiros sexuais com diagnóstico de HIV.
» Presidiários e pessoas com antecedente de encarceramento.
» Pessoas com múltiplos parceiros sexuais ou com múltiplas doenças sexualmente transmissíveis.
» Pessoas que admitem elevado consumo de álcool.
» Mais informações podem ser obtidas em 0800 882 8222 ou no site.
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