Mineiro de Itambacuri (110 quilômetros de Governador Valadares), o comerciante Felipe Gomes Crisóstomo, de 30 anos, casado e pai de dois filhos, está desaparecido desde 17 de abril, na cidade de Tijuana, México, na fronteira com os Estados Unidos.
Nessa data, ele mandou uma mensagem de áudio à família, bem curta, dizendo que estava saindo para a travessia da fronteira. A partir daí, silêncio total. Felipe não enviou mais mensagens e ninguém sabe o que aconteceu com ele.
A história de Felipe é parecida com a de muitos mineiros do Leste de Minas, que desde a década 1980 migram para os Estados Unidos. O objetivo de todos é trabalhar, receber salários em dólar e dar uma vida melhor para a família, no Brasil. Esse também era o sonho de Felipe.
Movido pelo sonho americano, ele embarcou para o México em 13 de abril e se baseou na cidade de Tijuana, na fronteira com San Diego, Califórnia.
A rota pelo México é usada pelos emigrantes que não têm o visto de entrada em território norte-americano. A travessia, sempre perigosa, é coordenada pelo “coiotes”, homens que conhecem bem a aridez do terreno e os perigos da fronteira.
Os “coiotes” são dados à prática de extorsão e são conhecidos por não preservar a vida dos emigrantes que, em grupo, partem a travessia. Quem fica para trás e não consegue superar os obstáculos naturais, pode ter a morte como destino certo.
Quem avança pode ser preso pela polícia de emigração estadunidense. Chegar ao lado americano é pura sorte.
Infarto
E são essas possibilidades cruéis que atormentam a família de Felipe, especialmente pais e esposa. Cláudio Crisóstomo, pai de Felipe, disse que dias atrás foi informado que seu filho havia morrido, depois de sofrer um infarto.
A informação não foi confirmada e gerou mais dúvidas. Felipe morreu? Está internado, em coma, em algum hospital mexicano? Foi preso pelas autoridades americanas?
As respostas para essas perguntas levam a família de Felipe ao desespero. Rômulo Gomes, primo dele, disse que um cônsul brasileiro em Tijuana está ajudando a família na busca dessas respostas, mas as autoridades mexicanas parecem não se empenhar.
Até nesta quinta-feira (24/6), não havia novidade sobre o mineiro de Itambacuri, desaparecido no México.