O Brasil bateu um triste recorde ontem. Registrou 115.228 infecções pelo novo coronavírus em 24h. O país soma mais de 18,1 milhões de pessoas infectadas desde o início da pandemia. Não bastasse o altíssimo número de contaminados, as mortes pela doença seguem em alta. O Ministério da Saúde contabilizou ontem 2.392 óbitos. Ao todo, a pandemia de covid-19 tirou a vida de 507.109 brasileiros desde o ano passado.
Especialistas ouvidos pelo Correio apontam possíveis causas para esse alto número de vítimas. Apesar dos avanços da vacina, as aglomerações são vistas como o vilão da pandemia. “O aumento da infecção sempre é reflexo do aumento da aglomeração. A gente pode colocar na conta do feriado (de Corpus Christi), mas também no fato da sociedade não estar mais seguindo o isolamento da maneira correta e relativizando o distanciamento social e o uso de máscaras”, apontou o infectologista Leandro Machado.
A alta de casos após feriados foi observada em outras ocasiões. Após o Dias das Mães, celebrado em 9 de maio, a média móvel de casos, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), era de 61.411 infecções. Duas semanas depois, em 24 de maio, a média aumentou para 66.195. Após o feriado de ano-novo, o aumento de testes positivos foi ainda mais notável. A média móvel de 36.004 casos, confirmados 31 de dezembro, passou para 51.803, em 14 de janeiro, duas semanas depois.
No atual estágio da pandemia, a preocupação é o provável reflexo desse cenário no número de mortes. Da última vez que registrou 100 mil casos da doença, — patamar superado ontem —, em 25 de março, o país bateu o recorde de mortes ao atingir 14 dias depois, em 8 de abril, com a marca de 4.249 óbitos confirmados em 24 horas.
Leandro Machado acredita em um aumento de óbitos, mas pondera que isso vai variar de região para região. “O número de óbitos pode sim aumentar, mas isso vai depender da região, do atendimento médico que essa pessoa tem”, explicou. Para ele, as pessoas precisam entender que quanto mais pessoas estiverem internadas e necessitarem de atendimento médico, mais a qualidade deste serviço pode cair e influenciar no desfecho desses casos. “O óbito é reflexo do número de pessoas que precisam de atendimento médico e da superlotação do serviço médico oferecido", completa.
O Ministério da Saúde anunciou ontem que o país receberá, amanhã, um lote de 3 milhões de doses da vacina da Janssen, oriundas de uma doação feita pelos Estados Unidos. A pasta enviou aos estados mais 7 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Neste lote, estavam unidades da CoronaVac, da Comirnaty, vacina da Pfizer, e da vacina da Janssen, recebida na segunda (22) pelo ministério. Segundo nota da pasta, motoristas, cobradores e outros profissionais que atuam em transportes coletivos serão contemplados com as novas doses enviadas.