''Não era amor quando ele gritava, me xingava e me fazia pedir desculpas por ser 'sensível demais'''; ''Não era amor quando ele me fazia me sentir culpada por me priorizar''; ''Não era amor quando ele me chamava de louca.'' Esses são alguns dos relatos de mulheres vítimas de relacionamentos abusivos que denunciam por meio da #NãoEraAmorQuando experiências vividas por elas que possam despertar outras mulheres vítimas de violências.
Os diferentes tipos de abuso podem passar despercebidos por acontecerem em namoros duradouros, nos quais as violências aparecem disfarçadas de amor, zelo e preocupação. O objetivo da campanha, criada pela Não Era Amor, é expor os sinais de abuso - sejam psicológicos ou físicos, em um momento em que as redes sociais são tomadas por fotos de casais e idealizações do amor romântico às vésperas do Dia dos Namorados.
"A escolha da data ocorreu porque a gente cresce aprendendo que abuso é amor. A gente romantiza muitas violências e, muitas vezes, as mulheres renovam as esperanças nessa data comemorativa ao acreditar que o abusador vai mudar", disse Pollyanna Abreu, idealizadora da Não Era Amor e da campanha de conscientização.
As ilusões e fantasias que compõem o amor romântico estão nos filmes, nos livros, nas músicas e trazem vários mitos que distorcem a realidade de um relacionamento saudável.
Em janeiro deste ano, a reportagem do Estado de Minas produziu uma matéria especial sobre violência doméstica. Os relacionamentos abusivos não surgem do nada e, mesmo que as violências não se apresentem de forma clara, os abusos estão ali, presentes desde o início. É preciso esclarecer que a relação classificada como abusiva não começa com violências explícitas, como ameaças e agressões físicas.
Apesar de a violência ter várias faces e especificidades, a psicóloga norte-americana Lenore Walker identifica que as agressões cometidas em um contexto conjugal ocorrem dentro de um ciclo que é constantemente repetido. São elas: o aumento da tensão na relação, o ato da violência e o arrependimento.
O último é chamado pela especialista de 'lua de mel' - que, na tentativa de ''superar'' o abuso, o agressor usa da gentileza, de presentes para alimentar esperanças e pedir desculpas pelas agressões. "O Dia dos Namorados muitas vezes se torna uma forma de reconciliação", acrescentou.
Identificar a violência é o primeiro passo para buscar saídas e romper com o ciclo de violência. A partir dos relatos, mulheres conseguem constatar o que passam. "Elas se sentem menos sozinhas porque um dos efeitos psicológicos do abuso é a mulher achar que só ela passa por aquilo e mais ninguém", disse a psicóloga.
O próximo passo é buscar mais informação e acolhimento. "Se a mulher conseguir contar para pelo menos uma amiga, um familiar de confiança que não vai julgá-la já é bom. E procurar ajuda profissional especializada, como terapia, advogacia e encaminhamento médico", disse Polly.
A Não Era Amor é um negócio de impacto social, fundado em 2018, e nasceu para ajudar mulheres que estão ou saíram de relacionamentos abusivos por meio de metodologia especializada.
É composto hoje por nove profissionais, entre eles psicólogas e advogadas. No ano passado, o projeto impactou mais de 30 mil mulheres. "Oferecemos conteúdo e informação gratuita de qualidade. Além de terapia específica para relacionamento abusivo, advocacia e cursos para terapeuta para ajudar essas mulheres", finalizou.
Como participar da campanha
Poste sua foto ou vídeo de 15 segundos nos stories complementando a hashtag #NãoEraAmorQuando
Marque a @NãoErAmor_
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