AMAZONAS

Lima pede FN para conter a violência

O governador do Amazonas, Wilson Lima, solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o envio da Força Nacional (FN) a Manaus. O pedido para o envio da tropa federal especializada está em análise. O estado sofreu com mais um dia de ataques coordenados por uma facção criminosa: 29 veículos, sete agências bancárias e oito prédios públicos tinham sido alvo de ataques até a tarde de ontem, na capital, e cidades do interior do estado. Trinta e uma pessoas foram presas, entre elas dois traficantes em posição de chefia na organização criminosa. Uma criança de 11 anos foi detida, acusada de trabalhar como “olheira” para os bandidos.

A Secretaria Municipal da Segurança Pública disse que as ações seriam em represália à morte de um traficante pela polícia e que as ordens para os ataques partiram do interior de um presídio. O prefeito de Manaus, David Almeida, pediu ao governo do estado que autorize a intervenção das Forças Armadas para garantir a lei e a ordem. Ele suspendeu as aulas na rede municipal e o atendimento ao público na maioria das repartições municipais. Até a entrega de cestas básicas para famílias atingidas pelas cheias do Rio Negro foi adiada.

Depois do registro de novos ataques durante a noite, o transporte coletivo voltou a ser suspenso na capital amazonense. Segundo a direção do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram), os coletivos só voltarão a circular quando houver garantia de segurança para funcionários e passageiros.

Sem ônibus, o estado suspendeu o expediente em repartições estaduais. No interior, os ataques foram registrados em Iranduba, Parintins, Careiro, Manacapuru, Carauari e Rio Preto da Eva.

Barreiras
Segundo o secretário da Segurança Pública do Estado, Louismar Bonates, mais de 400 barreiras de fiscalização foram instaladas por Manaus para abordagem e revista de veículos. As ações contam com apoio de agentes da Polícia Rodoviária Federal deslocados de Roraima. Outro efetivo deve chegar do Rio de Janeiro para ampliar o patrulhamento em cidades do interior.

Os ataques recomeçaram na noite do último domingo, quando foi incendiada a UBS do Lírio do Vale. Moradores viram dois homens se afastarem do local, já em chamas, em uma moto. Os bombeiros chegaram a tempo de evitar que todo o prédio fosse destruído. Em seguida, o caixa eletrônico de uma agência foi incendiado, e a sede do Sinetram foi alvejada por disparos de arma de fogo. O sindicato informou que ninguém ficou ferido e que está colaborando com a polícia para identificar os atiradores.

O prefeito de Manaus disse que os ataques atingiram também algumas estruturas municipais, como o monumento da rotatória Umberto Calderaro Filho, conhecido como Bola das Letras, inaugurado há cinco dias. Almeida disse que, após ter pedido ao governador o envio das forças de segurança à capital, também tratou do tema com o comandante militar da Amazônia, general Luís Carlos Gomes Mattos. “Está mais do que na hora de o Exército ‘entrar’ nas ruas. Não se pode deixar que os marginais tomem conta”, cobrou.

O pedido ao governo federal ocorreu para que o ministério autorize o envio de tropas da Força Nacional — contingente que tem agentes das polícias estaduais treinados em Brasília e em prontidão para atuar em casos emergenciais. Operações com essas tropas ocorrem em diferentes circunstâncias e incluem o combate a ataques promovidos por facções criminosas.