527 mil doses chegam ao país

Com a nova remessa de vacina contra a covid-19, Pfizer/BioNTech completa entrega de 2,3 milhões de unidades ao Brasil nesta semana. Enquanto isso, Anvisa se reúne hoje para votar pedidos de importação excepcional dos imunizantes Covaxin e Sputnik V

Novas remessas de vacinas contra a covid-19 estão chegando ao país. O Ministério da Saúde recebeu, ontem, o último de três lotes, vindos de Miami, com doses da Pfizer/BioNTech. O lote, que chegou ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), vindo de Miami, tem 527 mil doses. Somadas às outras remessas, de 936 mil doses cada uma, que chegaram na terça-feira e na quarta-feira passada, serão mais 2,3 milhões de doses nesta semana. Com o novo lote, mais de 5,8 milhões de doses terão sido entregues ao Ministério da Saúde pela farmacêutica desde o fim de abril. Dessas, cerca de 3,5 milhões de doses de vacinas da Pfizer já foram distribuídas aos estados brasileiros e ao Distrito Federal, segundo informações da pasta. Dois contratos firmados entre o governo federal e a farmacêutica vão garantir 200 milhões de doses da vacina até o fim do ano.

A Secretaria da Saúde do estado de São Paulo informou em nota que até o fechamento desta edição não havia recebido ainda nenhuma dose das vacinas da Pfizer do penúltimo lote entregue que chegaram na quarta-feira dos Estados Unidos no aeroporto de Viracopos. Segundo o órgão, sem a entrega, o cronograma de vacinação pode sofrer prejuízo.

Nesta semana, o Ministério da Saúde informou que o governo federal chegou à marca de mais de 100 milhões de fármacos distribuídos aos estados e ao Distrito Federal, proveniente dos laboratórios contratados, distribuídos ao país pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Segundo o ministro Marcelo Queiroga, a meta é vacinar toda a população contra o novo coronavírus até o fim do ano.

Apesar das novas remessas, a imunização dos adultos ainda é fonte de preocupação. Levando em consideração as decisões políticas restritivas em curso no país, o médico Alexandre Naime, chefe do Departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e consultor sobre covid da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e da Associação Médica Brasileira (AMB), afirma não ser possível apontar quando o país terá a maioria da população vacinada.

“O Brasil poderia ter sido protagonista, como deixou claro o presidente da Pfizer na América Latina (Carlos Murillo, em depoimento à CPI da Covid). Hoje, é mero coadjuvante. Já estamos vivendo a terceira onda de contaminação, o que já foi comprovado em pelo menos seis capitais. Vamos chegar a meio milhão de mortes desnecessárias, por causa do total descontrole. E ainda temos a ameaça da Copa América com previsão de aglomerações. Enfim, não dá para fugir da palavra genocídio”, afirmou.

Também, ontem, os Estados Unidos incluíram o Brasil na lista das mais de 40 nações que terão direito ao primeiro lote de doações, no total de 25 milhões de doses, segundo anúncio de autoridades americanas. Mas, nesse caso, não se sabe ainda quanto do produto chegará efetivamente em solo nacional, já que um total de 6 milhões de doses serão divididas entre o Brasil e outros 14 países das Américas do Sul e Central. (Leia mais na página 9)

Covaxin e Sputnik
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reunirá hoje para votar os pedidos de autorização excepcional das vacinas contra a covid-19 Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biontech, e Sputnik V, do Instituto Gamaleya, da Rússia. Ambos os imunizantes já foram rejeitados pela agência por falta de dados sobre a produção e segurança de cada fármaco. De acordo com a Anvisa, novos documentos foram apresentados para a análise. Uma vez aprovadas, as vacinas podem ser integradas ao Programa Nacional de Imunização.

O Ministério da Saúde já adquiriu 20 milhões de doses da Covaxin e outras 10 milhões da Sputnik V, que também foi comprada por governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Segundo a Anvisa, a reunião será transmitida a partir das 10h, pelo canal da entidade no YouTube.

IFA
A Fiocruz recebeu na quarta-feira a primeira remessa dos bancos de células e de vírus necessários para o início da produção nacional do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), prevista para começar ainda este mês. Dessa forma, a expectativa é de que em até quatro meses seja reduzida a dependência de insumos para imunizantes vindos de outros países.

Base para a produção do IFA, os dois ingredientes são o “coração” da tecnologia da vacina. Chegaram ao país no dia seguinte à assinatura do contrato de transferência de tecnologia da AstraZeneca para a Fiocruz. A previsão é de que, a partir de outubro, a instituição já distribua imunizantes 100% nacionais — o que é crucial para garantir a autonomia do país. O montante deve chegar a 50 milhões de doses em 2021.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, explicou que a projeção divulgada originalmente, de entregar entre 100 milhões e 110 milhões de doses de produção inteiramente nacional até o fim do ano, era uma estimativa feita de acordo com o conhecimento tecnológico que se tinha na época, antes mesmo de o imunizante ter sido aprovado. Agora, com a transferência da tecnologia concluída, a realidade se revelou mais complexa.(Com agências Estado e Brasil)

“O Brasil poderia ter sido protagonista (…). Hoje, é mero coadjuvante. Já estamos vivendo a terceira onda de contaminação, o que já foi comprovado em pelo menos seis capitais. Vamos chegar a meio milhão de mortes desnecessárias, por causa do total descontrole. E ainda temos a ameaça da Copa América com previsão de aglomerações. Enfim, não dá para fugir da palavra genocídio”

Alexandre Naime, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp

 

SP faz Dia D para 2ª aplicação

O estado de São Paulo realiza amanhã o Dia D para a aplicação da segunda dose da vacina contra a covid-19. A ação é focada em complementar a imunização das pessoas que já extrapolaram o prazo para ter recebido a segunda fração dos imunizantes: de 28 dias para a CoronaVac e de 12 semanas para a vacina da Fiocruz/Astrazeneca.

De acordo com o governo de São Paulo, mais de 442 mil pessoas no estado já passaram do prazo de receber a segunda dose da vacina e não voltaram aos postos para tomar o imunizante. A imunização completa contra a doença só ocorre depois que a pessoa recebe a segunda aplicação.

Das 442 mil pessoas que estão com a segunda dose em atraso no estado, 172 mil foram vacinadas na primeira etapa com o imunizante da Fiocruz/Astrazeneca e 270 mil, com a CoronaVac. “Iremos fazer uma grande ação de apoio aos municípios para que possam, além de aplicar a segunda dose, realizar a digitação e atualização das vacinas (porque) porventura os pacientes podem ter sido imunizados e não registrados na plataforma Vacivida”, disse a coordenadora do Plano Estadual de Imunização, Regiane de Paula.

Segundo o governo paulista, mais de cinco mil pontos de vacinação estarão abertos no estado das 7h às 18h amanhã. A orientação é que as pessoas confiram o horário de funcionamento das unidades de saúde nos canais oficiais das cidades.

Doria
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deve receber hoje a segunda dose da vacina. Com 63 anos, o tucano tomou a primeira dose da CoronaVac no dia 7 de maio. O governador seguiu o intervalo recomendado de 28 dias para aplicação da segunda dose do imunizante, e deve ser vacinado pela manhã, às 11h30, em Pinheiros, na capital paulista. Responsável pela articulação que trouxe a vacina ao país, Doria se tornou um dos principais adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro.

1.682 mortes em 24h
O país registrou 1.682 óbitos por covid-19, ontem, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Também foram registrados 83.391 novos casos em 24 horas. Com os registros, 469.388 vidas foram perdidas para a doença; o total de casos infectados chega a 16.803.472. O levantamento do Conass compila dados de secretarias de Saúde dos 26 Estados e do Distrito Federal. A média móvel de óbitos, referentes aos últimos sete dias, estava em 1.816 na quinta-feira. Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia continuam no topo da lista de mais afetados pela pandemia: todos têm mais de 1 milhão de infectados pelo novo coronavírus. Em número de mortes, São Paulo lidera com 113.441 mil fatalidades, seguido pelo estado do Rio de Janeiro, que soma 51.320 mil mortes.