Em busca de avançar na imunização dos brasileiros contra a covid-19, o Ministério da Saúde conseguiu antecipar a chegada das primeiras doses da vacina da Janssen para este mês, mas tem pela frente um desafio, pois esses imunizantes estarão disponíveis perto do prazo de validade. Cerca de 3 milhões de doses prestes a desembarcar no país devem ser aplicadas até 27 de junho, o que pode dificultar a logística de distribuição.
“Entendemos que temos que fazer uma estratégia para aplicar essas 3 milhões de doses em um prazo muito rápido para não correr o risco de vencer”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao final do depoimento dado na CPI da Covid. Ele acrescentou que a aplicação em ritmo acelerado foi pactuado com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Queiroga, no entanto, ainda não soube informar quando, de fato, chegarão essas doses da Janssen, que, segundo ele, ainda dependem da liberação da Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos. “Ainda estamos dependendo da FDA. Quando der o posicionamento, aí a vacina pode vir. Se tardar, essas 3 milhões de doses podem não ser mais úteis para nós, por causa da exiguidade de prazo”, salientou.
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Mutirão
Por isso, mesmo sem saber quando, de fato, o Brasil vai receber as 3 milhões de doses, o ministério começou a definir a estratégia de vacinação. A proposta da pasta é destiná-la somente às capitais e, por meio de um mutirão, aplicar tudo em até cinco dias. Apesar de já ter definido alguns pontos da ação, a pasta ainda não informou qual será o público-alvo para ser privilegiado.
Apesar da preocupação com o tempo que o país terá para dar as injeções, o secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira, acredita que o país não poderia recusar a oferta somente porque o prazo de validade estará perto de expirar. “Essa vacina é de dose única. A gente já imunizaria 3 milhões de pessoas. Isso é um grande avanço e nós não podemos perder essa oportunidade”, salientou.
A vacina da Janssen, que se baseia na tecnologia de vetor viral não replicante, teve eficácia comprovada de 66% nos testes clínicos e é a única disponível, até o momento, que prevê apenas uma injeção para fazer efeito pleno. O governo federal comprou 38 milhões de doses do imunizante em março, mas, segundo a previsão inicial do contrato firmado com a farmacêutica, as primeiras unidades só chegariam em julho.
A antecipação do desembarque das primeiras doses foi anunciada pelo ministro da Saúde na entrevista que concedeu ao CB.Poder, programa realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília, realizada na última sexta-feira.
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